Indicador da ConectarAgro vai orientar política pública.
A era digital chegou, e as máquinas, a cada ano que passa, vão ao campo com maior sofisticação tecnológica. São novos equipamentos que elevam a produtividade e permitem um melhor aproveitamento das áreas cultivadas.
O Brasil, no entanto, ainda está distante de uma infraestrutura de conectividade que possa gerar um aproveitamento de todas essas novas funções das máquinas. É o que mostra o ICR (Indicador de Conectividade Rural) da ConectarAgro.
Apenas 19% da área disponível para o uso agrícola têm cobertura 4G no país. Já o total de propriedades com cobertura em toda a área de uso agropecuário atinge 37%. Em geral, essas propriedades dispõem de conectividade apenas nas sedes. A maioria delas está nas regiões Sul e Sudeste.
Ana Helena de Andrade , presidente da ConectarAgro, uma associação civil sem fins lucrativos e que busca uma expansão da conectividade em áreas mais remotas do país, diz que o setor está vivendo um novo momento.
Antes, a associação tinha muitas dificuldades para obtenção e avaliação dos dados. Agora, com base em dados oficiais, mas com metodologia científica, desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa, a ferramenta mostra o estágio em que se encontra cada município.
“O indicador torna mais assertivas as políticas públicas, uma vez que essa nova fase muda o panorama de discussão sobre a conectividade. Agora temos dados que mostram a realidade”, diz Andrade.
Paola Campiello, que assume a presidência da ConectarAgro neste final de mês, afirma que o novo indicador será um balizador da necessidade de fomentos. Ele deverá capacitar agricultores e comunidades na era digital.
Para Ricardo Graça, do comitê técnico, é um índice inédito e avaliado de vários ângulos. O da produção mapeia, com dados do CAR (Cadastro Ambiental Rural) e da Anatel, a área produtiva que tem 4G e 5G.
O grupo social aponta a conectividade em escolas de áreas rurais e em postos de saúde. O levantamento inclui, ainda, dados ambientais, apontando a conectividade em reservas oficiais, indígenas e nas áreas privadas obrigatórias.
Avalia ainda a infraestrutura, verificando se o município já possui fibra ótica, o que pode reduzir custos na implantação.
Com o objetivo de indicar a situação real da conectividade, o indicador aponta o cenário em todos os municípios e traz uma média por estado. A média do ICR por município ao nível nacional é apenas de 0,454, numa escala variável de 0 a 1. Quanto mais perto de 1, melhor a conectividade naquele município
O indicador da ConectarAgro tem um foco apenas no rural, diferentemente da avaliação da Anatel que avalia número de pessoas e qualidade dos serviços.
O indicador será constantemente atualizado e aberto para acessar todas as tecnologias que possam melhorar o sistema, segundo Ricardo Coutinho, diretor administrativo. O sistema da Starlink ainda não faz parte da ferramenta da ConectarAgro, mas poderá ser agregado.
A associação é composta por empresas de máquinas, como a AGCO e a CNH, de telecomunicações, como TIM e Vivo, além de AWS, Nokia e Solinftec (Folha, 18/4/24)