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Soja e milho perdem brilho e açúcar e café ganham espaço no ano

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Exportações do agronegócio mantêm ritmo e somam US$ 166 bilhões 12 meses.

A soja e o milho perdem brilho, mas a balança comercial do agronegócio mantém ritmo forte no ano devido ao bom desempenho de açúcar, café e suco.

Em agosto, as exportações totais do agronegócio foram de US$ 14,2 bilhões, abaixo do volume financeiro de igual período do ano passado. No acumulado de 12 meses, no entanto, os valores somam US$ 166 bilhões, semelhantes aos obtidos em 2023.

As receitas brasileiras com países dependentes de soja e de milho diminuíram, graças à queda dos preços da oleaginosa. Já os países dependentes do açúcar, café e suco gastaram mais por aqui devido à aceleração dos preços internacionais desses produtos.

A Ásia, principal bloco importador, após gastar US$ 60,4 bilhões no mercado brasileiro de janeiro a agosto de 2023, deixou US$ 57,4 bilhões neste ano. O Brasil até exportou mais soja para a região, mas os preços caíram 17% no ano, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

As perdas no milho foram maiores ainda. Após o recorde exportado em 2023, o país perde espaço no mercado externo. Volume menor produzido, preços internacionais em queda e concorrência de outros produtores fizeram as receitas recuarem para US$ 3,8 bilhões até agosto, 43% a menos do que em igual período anterior.

Estoques baixos e safras afetadas pelo clima provocaram, no entanto, uma aceleração forte dos preços mundiais de vários outros produtos. Entre eles, o café.

Mercados dependentes da bebida, como Estados Unidos e União Europeia, vêm gastando mais por aqui. Com isso, as receitas brasileiras com o café já somam US$ 6,9 bilhões neste ano, 47% a mais do que no ano passado.

Os países da América do Norte gastaram US$ 10,1 bilhões até agosto no mercado brasileiro de agronegócio, 10% a mais do que no ano passado. Além do café, o suco de laranja e a carne bovina pesam nessa conta.

O bloco da União Europeia elevou para US$ 15,2 bilhões os gastos, e o café foi destaque.

Os países do Oriente Médio, dependentes de carnes e de açúcar, já deixaram US$ 9 bilhões até agosto no Brasil, 20% a mais do que nos oito primeiros meses de 2023.

Açúcar e carnes também forçaram a África a gastar mais. Os países do continente africano despenderam US$ 7,9 bilhões até agosto, 22% acima do que haviam gastado em 2023.

A queda de preços no mercado internacional faz a agropecuária perder participação na balança comercial. Em 2023, o setor era responsável por 25,5% das receitas, percentual que caiu para 23,2% neste ano. Não são considerados aqui os produtos da indústria de transformação, como carnes e açúcar.

A soja, líder do setor, mesmo com o aumento das vendas externas, em volume, foi responsável por 16% das receitas neste ano, abaixo dos 19% de 2023. O complexo soja (grãos, farelo e óleo) rendeu US$ 44 bilhões.

As carnes se consolidam na segunda posição das exportações brasileiras, com US$ 15,9 bilhões no ano, puxadas pela proteína bovina. Demandas chinesa e americana elevam as exportações dessa proteína para 1,6 milhão de toneladas, 30% a mais no ano.

As carnes de frango e suína não obtiveram grandes avanços neste ano, se mantendo nos patamares de 2023.

As importações do setor do agronegócio crescem em ritmo maior do que o das exportações, mesmo com um recuo nos preços internacionais de fertilizantes e de agroquímicos.

O maior peso nessas compras veio do trigo, cujas importações subiram para 4,6 milhões de toneladas, 64% a mais do que em 2023.

No setor de insumos, as compras externas de fertilizantes subiram para 27,2 milhões de toneladas, com evolução de 10%, enquanto as de agrotóxicos atingiram 418 mil toneladas, o segundo maior volume desse período na história do país.

702%

Foi quanto o Brasil importou a mais de soja de janeiro a agosto deste ano, em relação a igual período do ano passado. As importações somaram 802 mil toneladas no período, segundo a Secex.

O volume importado veio praticamente todo da Argentina, que, no ano passado, era importadora de soja do Brasil, devido à forte seca no país vizinho (Folha, 10/9/24)

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