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Marina deve encurtar participação na ONU por crise das queimadas

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Avaliação da ministra é de que ausência em reuniões em Nova York poderia trazer mais prejuízos, mas passagem deve ser abreviada.

A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) deve encurtar sua participação nos eventos das Nações Unidas na próxima semana, em Nova York, diante da crise das queimadas no Brasil.

A decisão da sua viagem saiu apenas na véspera do embarque, que ocorrerá na tarde deste sábado (21), com o presidente Lula (PT). A ministra chegou a avaliar o cancelamento da ida, ponderando se a crise se agravaria.

De acordo com uma agenda preliminar da ministra a que a Folha teve acesso, feita em 3 de setembro, a ministra participaria de eventos de domingo (22) a quinta-feira (26). Mas agora Marina deve retornar ao Brasil na terça-feira (24), com o ministro Fernando Haddad (Fazenda).

O Brasil passa pela maior seca já registrada, com rios atingindo níveis baixos nunca antes vistos, enquanto vive também recordes de incêndios. A fumaça já chegou a cobrir 60% do território brasileiro.

O governo tem sido cobrado por gestores estaduais por mais ajuda. A atribuição do combate ao fogo é dos governos locais, mas é praxe que haja ajuda financeira ou de estrutura para uma situação de crise como essa —o que o governo defende que tem feito há, pelo menos, três meses.

A emergência climática é um dos temas centrais da agenda internacional de Lula neste terceiro mandato e deve ser uma das principais pautas do presidente nesta viagem aos Estados Unidos.

De acordo com auxiliares, a avaliação da ministra foi de que as medidas de combate aos incêndios continuarão ocorrendo mesmo com ela ausente do país, enquanto as agendas em Nova York são uma oportunidade rara e importante de negociações no âmbito internacional.

Por isso, o entendimento é de que há eventos em que sua presença é obrigatória, podendo trazer prejuízo ainda maior caso não vá.

Além disso, no domingo (22), o presidente participará da Cúpula do Futuro, evento da ONU, onde será o segundo a discursar. O evento tem como objetivo discutir novos acordos de cooperação e governança na instituição, além de debater formas de acelerar o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).

Marina vai acompanhá-lo, assim como no discurso da Assembleia-Geral da ONU —o tema climático será um dos pilares da fala do presidente.

Assim, a agenda da ministra deve ser fechada ainda na noite desta sexta (20). O recorte é tentar cumprir o que for essencial e estratégico, mas deve ficar de fora, por exemplo, um encontro com empresários.

Na agenda preliminar de 3 de setembro, por exemplo, Marina participaria de uma reunião do comitê diretor do TFFF (Tropical Forest Facility Fund – Fundo de Apoio às Florestas Tropicais, em tradução livre), do ministro Fernando Haddad (Fazenda), no dia 26.

No período da tarde, também iria para um evento sobre defensores do meio ambiente, da Fundação Ford, com presença da ex-presidente do Chile, Michele Bachelet.

De acordo com auxiliares da ministra, está sendo feita uma reformulação da agenda para tentar antecipar compromissos que ocorreriam em datas que ela não estará mais presente.

Marina Silva manterá participação, por exemplo, em evento com a chamada troika, que reúne o presidente da atual COP do clima (do Azerbaijão), assim como a do ano passado (Emirados Árabes Unidos) e a de 2025 (Brasil).

O grupo foi idealizado em conjunto com o Brasil, para articulação entre membros da última conferência (neste caso, Dubai), da atual (Baku) e da próxima (Belém).

O governo realizou uma série de reuniões nesta semana sobre as queimadas e anunciou medidas para enfrentá-las, como uma medida provisória liberando crédito extraordinário de R$ 514 milhões —recursos que ficarão fora do arcabouço fiscal, graças a uma decisão do ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Em outra frente, anunciou ainda que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) disponibilizará R$ 400 milhões para o apoio aos bombeiros dos estados da Amazônia Legal (Folha, 21/9/24)

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