Foram registrados mais de 38 mil focos no mês, segundo dados do Inpe; bioma passa por seca histórica.
O número de focos de incêndio na amazônia no mês de agosto atingiu o maior nível desde 2010, mostram dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Neste ano, o bioma enfrenta mais uma seca recorde, após uma estiagem que mudou a paisagem de alguns dos principais rios da região em 2023.
Satélites detectaram 38.266 focos de incêndio na amazônia em agosto —mais que o dobro do ano anterior e o maior número para o mês desde 2010.
Em julho, os focos de incêndio na região haviam atingido o maior nível em duas décadas. No acumulado do ano, já são mais de 63 mil focos na amazônia brasileira.
As chuvas do ano passado chegaram tarde e foram mais fracas do que o normal, influenciadas pelo fenômeno climático El Niño potencializado pelas mudanças climáticas. O cenário deixou a região especialmente vulnerável aos incêndios, que não ocorrem naturalmente em florestas tropicais.
Incêndios no bioma naturalmente úmido geralmente começam em fazendas, onde o fogo é usado no processo de desmatamento e conversão de áreas em pastos para criação de gado.
O ar mais quente e a vegetação mais seca criaram condições para as chamas se espalharem mais rapidamente, além de queimarem mais intensamente e por mais tempo. Os altos índices de desmate também reduziram a capacidade da floresta de produzir chuva e umidade.
Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil, disse em uma avaliação inicial dos dados de agosto que os incêndios foram causados por uma combinação de El Niño intenso, mudanças climáticas e ações humanas.
“A região onde se concentra a fumaça que detectamos em agosto coincide com o chamado Arco do Desmatamento, que inclui o norte de Rondônia, o sul do Amazonas e o sudoeste do Pará”, afirmou.
“Isso indica que, além das mudanças climáticas e do El Niño, as mudanças de uso da terra produzidas pelo ser humano têm um papel central no aumento das queimadas”, explica (Reuters, 1/9/24)