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Governadores: Governo Lula demorou e falta mais atuação nas queimadas

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Planalto diz que estados deveriam ter pedido ajuda antes; governador de GO ironiza ausência do presidente em reunião.
Rui Costa, Marina Silva e Simone Tebet durante reunião com governadores — Foto Henrique Raynal Casa Civil

Governadores de oposição cobraram mais atuação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após reunião no Palácio do Planalto para tratar das queimadas que vêm atingindo grande parte do território brasileiro, afirmando que houve demora nas ações e articulação.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), chegou a afirmar que o governo federal não estava preparado para enfrentar a crises dos incêndios florestais procrastinou as ações de enfrentamento.

Caiado ainda ironizou a ausência do presidente Lula na reunião com governadores. O presidente cumpriu agendas nesta quinta-feira (19) em Alcântara (MA).

“Acho isso tão acessório. Tenho que resolver o problema do meu estado. Cada um tem que resolver o problema do seu estado. Se a visão dele [Lula] é que isso aí não tem essa relevância, não cabe a mim discutir isso”, afirmou o governador de Goiás, que tem colocado seu nome como possível candidato à Presidência em 2026.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que as críticas tornadas públicas não foram feitas na reunião: “quem falou para vocês [jornalistas] deve ter participado de outra reunião”.

Rui Costa ainda acrescentou que as reuniões com governadores começaram há três meses e que eventuais pedidos de ajuda dos estados deveriam ter sido feito antes.

O governo Lula reuniu governadores de áreas que estão sendo afetadas pelas queimadas para discutir formas de enfrentar a crise climática.

Além de Caiado, participaram Helder Barbalho (Pará), Mauro Mendes (Mato Grosso), Wilson Lima (Amazonas), Gladson Cameli (Acre), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul), Wanderlei Barbosa (Tocantins) e Antonio Denarium (Roraima).

Também estiveram no Palácio do Planalto os vice-governadores Sérgio Gonçalves da Silva (Rondônia) e Antônio Pinheiro Teles Júnior (Amapá).

Alguns governadores afirmaram à Folha em reservado que a reunião correu em um clima amistoso. Apenas Caiado e Mauro Mendes (União Brasil) destoaram e cobraram mais diretamente o governo federal.

No entanto, mesmo governadores mais alindados ao Planalto disseram durante o encontro que os recursos disponibilizados até o momento eram insuficientes e compararam com a ajuda dada pela União à reconstrução do Rio Grande do Sul —estado afetado por inundações.

Caiado saiu da reunião antes do seu término. Aos jornalistas ele fez uma série de críticas ao governo federal.

“O governo federal não estava preparado para o que aconteceu. De repente, foi procrastinando e agora vai chegando o final [da temporada de seca]. Quer dizer, meio de outubro, acredito eu que em novembro já estará chovendo”, afirmou.

“O que nós esperamos é que o governo federal não nos chame na última hora para fazer um comunicado de R$ 500 e poucos milhões”, completou, em referência à medida provisória que liberou R$ 514 milhões para o enfrentamento da crise.

Caiado também defendeu uma rediscussão do pacto federativo.

“Precisamos parar com essa bobagem. Brasília não sabe governar o país. Isso é uma ineficiência completa. Dê estrutura para os governadores poderem montar essas estruturas avançadas de Corpo de Bombeiros, coisa simples, um pequeno galpão com cinco carros ali, com pessoas preparadas para aquilo, com controle de satélite, com informação imediata, e as ações acontecem”, completou.

Mauro Mendes não fez críticas diretas após o encontro, mas disse que a reunião terá efeitos “concretos e mais objetivos” apenas a partir de 2025.

O governador disse que chuvas deverão ocorrer nas próximas semanas, dentro de 15 a 30 dias, e que agora será difícil realizar contratações e compras para enfrentar as queimadas.

“Não posso dizer que o governo federal está agindo tardiamente. Essa reunião está acontecendo, ela é bem-vinda, mas eu disse que, na minha opinião, seus efeitos concretos e mais objetivos vão acontecer para o ano de 2025”, afirmou Mendes.

“Isso porque todo mundo que conhece administração pública sabe que, se liberar hoje um recurso na conta de qualquer estado, dificilmente você consegue comprar veículos, comprar equipamento, alugar aeronaves para que, em 15 dias, tudo isso esteja funcionando”, completou.

O governador do Pará, Helder Barbalho, por sua vez, disse ter pedido ao governo federal uma ajuda de R$ 146 milhões para que seu estado possa enfrentar e amenizar o impacto das queimadas e da seca.

Após a reunião, o ministro Rui Costa rebateu as críticas. “Na reunião que eu participei, em todo período, do início ao fim, não teve mal-estar nenhum. Ao contrário, teve agradecimento dos governadores, todos, unânime, sem exceção, agradecendo apoio até aqui nesses meses do governo federal”, afirmou

“Nós estamos fazendo a reunião há três meses. Se era necessário apoio ou recurso financeiro, quem acha que [precisa] devia ter pedido há três meses”, afirmou o ministro.

Rui Costa também afirmou que, durante a reunião, todos os governadores apontaram que os incêndios têm aspecto criminoso. Nesse aspecto, disse que o ministro Ricardo Lewandowski vai enviar um conjunto de medidas para tornar a legislação criminal mais severa para quem provoca queimadas.

Costa ainda completou que, além da liberação dos R$ 514 milhões, outros R$ 400 milhões serão liberados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) para apoiar os corpos de bombeiro dos estados da Amazônia Legal (Folha, 20/9/24)

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