Preocupação com segurança alimentar é motor para o surgimento de novas tecnologias no campo.
A criação de tecnologias com pedidos de patentes cresce três vezes mais rápido na agricultura do que em outros setores. O impulso vem do interesse crescente em segurança alimentar global. O dado é do Observatório de Patentes e Tecnologia da Organização Europeia de Patentes (OEP), que aponta um crescimento médio de 9,4% ao ano nos pedidos de patentes relacionados ao agro.
O relatório destaca o Brasil como um dos protagonistas da agricultura digital, com produção capaz de alimentar uma em cada dez pessoas no mundo, cerca de 11% da população global.
A Europa lidera em número de patentes para tecnologias de agricultura digital e conta com um ecossistema de 194 startups e 125 universidades ativas na área.
A Ásia ultrapassou a América do Norte em volume de pedidos em 2020. A OEP também aponta avanço acelerado da inovação na Ásia e na América Latina, com crescimento médio anual de 11% entre 2000 e 2022.
Com base no desempenho histórico da produção e exportação entre 2010 e 2020, a OEP projeta que, até 2050, a América Latina poderá fornecer de dois a três em cada cinco frutas e hortaliças consumidas no planeta.
Um levantamento do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) mostra que o Brasil ocupa a nona posição global como fonte de patentes em agricultura sustentável. No país, 15,7% das invenções nessa área estão ligadas à agricultura digital, proporção acima da média mundial.
“O agro do Brasil é intensivo em tecnologia e avança cada vez mais em inovação com a participação decisiva de instituições como a Embrapa”, afirma Julio César Moreira, presidente do INPI.
Segundo a OEP, algumas das tecnologias que mais crescem envolvem sensoriamento por imagem e automação de tarefas como pulverização e colheita de precisão, baseadas principalmente no uso de drones e inteligência artificial — campos que dispararam desde 2018.
As empresas privadas foram responsáveis por 88% dos depósitos de patentes em agricultura digital em 2022. Entre os principais agentes estão os fabricantes de máquinas agrícolas John Deere (EUA), CNH Industrial (Holanda/Reino Unido), Claas (Alemanha), Kubota (Japão) e Amazonen Werke (Alemanha), destaca o relatório (Globo Rural, 17/9/25)