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2023, o ano do agro

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Editorial O Estado de S.Paulo

OCDE reforça o otimismo com o PIB do País, mas o agro sozinho não garante crescimento.

O otimismo revelado pelo Ministério da Fazenda com a recente elevação da estimativa para o desempenho da economia neste ano, que passou de 2,5% para 3,2%, recebeu da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) um reforço de peso, com projeção para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro exatamente no mesmo patamar: 3,2%.

No caso da OCDE, a revisão foi ainda mais consistente, já que na previsão anterior, de junho, a alta era de 1,7%. Ou seja, acrescentando 1,5 ponto porcentual ao cálculo, quase dobrou a aposta. O mercado financeiro também tem revisado para cima suas projeções, mas se mantém um passo atrás, com 2,89%. De qualquer forma, são sinais positivos para uma economia que iniciou o ano sob prognósticos que, no máximo, chegavam a 1%.

A melhora do quadro em um ano particularmente difícil, com a desaceleração econômica na China e as sequelas de uma prolongada guerra entre Rússia e Ucrânia, continua a ser creditada ao setor agropecuário que, pelos cálculos da Fazenda, deve crescer 14% no ano. Pelo monitoramento feito até aqui, 2023 será o ano do agro, que tem puxado para cima a economia nacional.

A OCDE atribui aos efeitos do clima os resultados agrícolas favoráveis no Brasil. Mas essa é apenas uma parte da questão. De fato, as reviravoltas climáticas que destroem culturas pelo mundo, como a de algodão nos Estados Unidos, estão castigando menos a agricultura nacional, que registra safras recorde no ano.

Mas, com produção competitiva em nível mundial, o agro tem se beneficiado dos investimentos feitos em pesquisa e desenvolvimento. Iniciativas que, aliadas ao aumento de participação no comércio internacional, respondem pelos resultados surpreendentes, muito além das previsões mais otimistas feitas no início do ano pela própria Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e por institutos de pesquisa, que variavam entre 2,5% e 10% de alta no PIB agrícola.

Apesar do desempenho extraordinário, o agro não tem como sustentar sozinho o PIB. O IBC-Br, espécie de prévia do PIB calculado pelo Banco Central, já demonstra arrefecimento da economia neste segundo semestre. Embora a desaceleração tenda a ser menos intensa do que o esperado, a queda do PIB agrícola é certa.

Indústria e serviços, com maior influência no cálculo final do PIB, amargam resultados medíocres neste ano e isso se reflete numa taxa de investimentos menor a cada trimestre, incapaz de fazer a economia brasileira caminhar para um crescimento sustentável. É possível que um pequeno avanço de serviços possa contribuir positivamente.

Mas somente o investimento tem o poder de incrementar o emprego, o crescimento real da renda – não apenas aquele puxado por programas de transferência, como o Bolsa Família – e o consequente aumento do consumo capaz de movimentar a economia sem contribuir para a elevação da inadimplência.

O caminho, claro, passa pela estabilidade fiscal e monetária e por uma inadiável política industrial (Estadão, 24/9/23)

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