Abertura de capital de uma companhia brasileira em Wall Street é a primeira em quase três anos; a anterior é a do Nubank, ocorrida em dezembro de 2021.
A Moove, empresa do grupo Cosan que opera com a fabricação e a venda de lubrificantes, lançou nesta terça-feira, 1º, as condições para se listar na Bolsa de Nova York (Nyse), nos Estados Unidos, apoiada pela fundo europeu CVC Capital Partners. A oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) pode avaliar a empresa entre R$ 10 bilhões e R$ 11 bilhões (US$ 1,9 bilhão) e quebrar um jejum de quase três anos sem aberturas de capital de empresas brasileiras em Wall Street.
A Moove e os seus acionistas esperam precificar o IPO na faixa de preço de US$ 14,50 a US$ 17,50, com a oferta de 25 milhões de ações ordinárias. No topo da faixa indicativa de preço, a empresa pode levantar até US$ 503,125 milhões, considerando o lote adicional de 3,750 milhões.
As informações constam no documento enviado esta terça-feira, 1º, à Securities and Exchange Commission (SEC), que regula o mercado de ações americano, duas semanas após a empresa anunciar a sua intenção de se listar na Nyse.
O IPO da Moove deve ser precificado na próxima semana, com o tíquete ‘MOOV’. A operação pode quebrar um jejum de três anos de aberturas de capitais de empresas brasileiras em Wall Street. O mais recente IPO foi o do Nubank, em dezembro de 2021.
A Moove buscou os EUA para abrir o seu capital pelo fato de mais da metade da sua receita ser proveniente do exterior. O objetivo é captar recursos para aquisições na América do Norte, onde já tem uma rede de 48 centros de distribuição, e na Europa.
“Mantemos e monitoramos ativamente um pipeline de potenciais oportunidades de aquisição futuras que acreditamos que podem ser aditivas para nossos negócios a longo prazo”, diz a companhia, no documento enviado à SEC.
Como surgiu a Moove
A empresa foi criada em 2008, a partir da compra dos ativos de lubrificantes da ExxonMobil pela Cosan, com a qual manteve uma “aliança estratégica”. A Moove é a distribuidora exclusiva da petrolífera americana no Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai, e detém ainda contrato como fabricante e distribuidor não exclusivo em países como França, Portugal, Espanha, EUA e Reino Unido.
O acordo com a ExxonMobil, aliás, é mencionado como o principal fator de risco do seu negócio, no prospecto do IPO. “Nossos negócios dependem de nosso relacionamento com a ExxonMobil e mudanças neste relacionamento podem afetar negativamente nossos negócios, resultados operacionais e condição financeira”, alerta.
No primeiro semestre, a empresa reportou receita líquida de mais de R$ 5 bilhões, cifra que representa uma queda de 1,6% ante igual intervalo do ano passado. Por sua vez, o lucro líquido foi de R$ 237,6 milhões no período, revertendo o prejuízo de R$ 58,4 milhões de um ano atrás. Já o seu Ebitda ajustado totalizou R$ 690,2 milhões no primeiro semestre, alta de 9,0% em um ano.
Como fica a posição da Cosan
A gestora de private equity CVC adquiriu uma participação de 30% na Moove por US$ 588,6 milhões em 2019. A empresa informa ainda que, após a oferta, a Cosan permanecerá como acionista controlador, com 60,4% do seu capital social.
Em conexão com a oferta, os acionistas vendedores esperam conceder aos subscritores uma opção de 30 dias para comprar até 3,750 milhões de ações ordinárias adicionais ao preço inicial da oferta pública, menos descontos de subscrição e comissões.
Os bancos JPMorgan, BofA Securities, Citi, Itaú BBA, BTG Pactual e Santander são os coordenadores globais do IPO da Moove. Goldman Sachs, Jefferies e Morgan Stanley também atuam na operação como joint bookrunners (Estadão, 2/10/24)