Confira as notícias do Agronegócio no Paraná

Guerra não tira preço do petróleo dos níveis baixos em 3 anos

Patrocinadores

Por Vinicius Torres Freire
Sobra combustível, com China mais lenta e mais verde e com mais produção das Américas.

O preço do petróleo deu um salto, se lia no pé do noticiário sobre o novo lance da guerra de Israel, Irã, Hezbollah, Hamas e agregados menores. “Petróleo dispara”. Hum. O preço do barril deu um pulo inicial de uns 5%; no meio da tarde brasileira, subia entre 2,5% e 3%, perto de US$ 74 (o tipo Brent). É irrelevante.

O barril está mais barato do que no dia anterior ao do ataque do Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023, quando custava US$ 84. Em meados de outubro, Israel começou a atirar contra os terroristas do Hamas e a matar milhares de palestinos. O barril chegou a US$ 93, pico dos últimos 12 meses.

Sempre se pode esperar desgraça nova no Oriente Médio, mas o preço do petróleo não está ligando muito para guerra, massacres e riscos. Como dizem os analistas do mercado de combustíveis, os “fundamentos”, produção e consumo, têm sido predominantes. Basicamente: 1) Sobra petróleo; 2) Os envolvidos no conflito, fora houthis, não querem baderna no mar Vermelho ou em instalação de produção e transporte de combustível.

Os países da Opep teriam folga de capacidade de 6 milhões de barris por dia (para um consumo mundial de 100 milhões de barris por dia). Cortam a produção desde 2022 a fim de manter um preço alto o bastante para cobrir as contas de seus governos. Mas Estados Unidos, Canadá e também Brasil e Guiana colocam mais petróleo na praça —sim, a Guiana, que explora petróleo em região vizinha à do mar do Amapá, onde o Brasil quer furar poço. Por fim, Rússia e Irã driblam sanções e vendem para a China.

A economia da China cresce bem menos; usa menos combustíveis fósseis porque tenta se descarbonizar, se torna mais eficiente, usa mais carro elétrico, mais trem-bala.

Em abril deste ano, houvera escaramuças entre Israel e Irã, então quase uma “drôle de guerre” (guerra de araque). Foi quando os iranianos lançaram uma nuvem inócua de drones sobre Israel. Naquele abril, alguns analistas de petróleo citados na mídia financeira global diziam que o preço do barril poderia “facilmente” passar dos US$ 100; a média do segundo semestre deste ano seria bem superior a US$ 90. Os motivos seriam o espalhamento do conflito.

Afora um soluço em julho, a tendência de preço foi de queda, que desceu até pouco menos de US$ 70, no começo de abril, o valor mais baixo em quase três anos.

As bolsas americanas caíram um pouco, mas nada diferente de um dia mais ruinzinho; além do mais, estão perto de níveis recordes. A taxa de juros dos títulos de 10 anos do governo americano mal se moveu (caiu, pois em tempo de risco em geral se compram títulos da dívida dos EUA). No Brasil, os horrores no Oriente Médio nem causaram coceira —ou nada, dada a volatilidade dos mercados locais de câmbio, juros e ações.

Alguma loucura guerreira pode agitar os donos do dinheiro? Resta saber de onde virá o cutucão. Israel arrasa Hamas e Hezbollah. Mata líderes do Irã e aliados onde quer, com bombardeio aéreo, explosão de eletrônicos e infiltração até nos locais que tais pessoas frequentavam.

Por falta de capacidade militar, medo de morte dos aiatolás ou de ver sua economia precária destruída, o Irã tem reagido ao mínimo; não tem aliados dispostos ou capazes de ir à guerra. Até terroristas e milícias se reorganizarem com força, deve levar tempo. Vai ser preciso de loucura extra para mexer nos preços (Folha, 2/10/24)

Compartilhar:

Artigos Relacionados

Central de Atendimento

Contato: André Bacarin

    Acesse o mapa para ver nossa localização