Por Arnaldo Luiz Corrêa
O mercado futuro de açúcar em Nova York encerrou a semana com uma forte queda de 77 pontos, o que equivale a 17 dólares por tonelada, comparado à semana anterior. O contrato para março de 2025 fechou a 22.24 centavos de dólar por libra-peso. Como já havíamos mencionado aqui, o mercado subiu rapidamente e de forma acentuada, e nossa expectativa era que ocorresse uma correção, trazendo os preços de volta para a faixa de 21.50 centavos. Quase chegou lá.
De acordo com o relatório do COT (Commitment of Traders), divulgado pela CFTC (Commodity Futures Trading Commission), os fundos especulativos liquidaram 22 mil lotes na semana passada, reduzindo suas posições compradas para cerca de 50 mil lotes.
O relatório da UNICA trouxe uma queda de 13,62% na moagem de cana na quinzena, comparada ao mesmo período da safra anterior. A produção de açúcar recuou 16,21%, reflexo da baixa qualidade da cana e das dificuldades nas usinas para cristalizar o açúcar. Com isso, a produção de etanol subiu 3,3% em relação ao ano passado.
No acumulado do ano, a moagem já atinge 505 milhões de toneladas. Agora, as grandes perguntas são: qual será o volume total da safra e quão severos serão os impactos da seca e dos incêndios na próxima safra? Se olharmos para as últimas sete safras, a moagem até outubro costuma representar, em média, 81,2% do total da safra. Isso sugeriria que restam cerca de 117 milhões de toneladas a serem moídas. No entanto, alguns agrônomos preveem uma redução de até 25% na cana remanescente, o que levaria o total da safra para aproximadamente 593 milhões de toneladas. Vamos aguardar.
As usinas já fixaram quase 40% dos açúcares destinados à exportação para a safra 2025/26, algo em torno de 11,6 milhões de toneladas. Isso está alinhado com as safras anteriores, mas supera consideravelmente a safra 2024/25. O mês de setembro foi especialmente bom, com as usinas conseguindo fixar a um preço médio de R$ 2.550 por tonelada, um aumento de R$ 220 em relação ao mês anterior. Esse resultado foi impulsionado pela alta volatilidade do mercado em Nova York e pela valorização do dólar, que se manteve acima de R$ 5,52 entre julho e setembro. Além disso, os contratos negociados em setembro atingiram um recorde de 4,34 milhões de lotes, 21% acima do mesmo período no ano passado.
O que vai definir o rumo do mercado, e eu prometo não parecer um disco quebrado, é o tamanho da próxima safra. O cenário é promissor, e nem poderia ser diferente, dadas as dificuldades que as usinas enfrentarão no próximo ano. Acredito que o açúcar tem grande potencial para atingir 24-25 centavos de dólar por libra-peso, mas há ainda um longo caminho até que essa visão se concretize.
Alguns fatores podem atrapalhar esse caminho: um real mais fraco, um mercado de energia sem força, dificuldades da China em implementar seu pacote de estímulos e a Índia aumentando a oferta de açúcar no mercado internacional.
Análise Técnica (por Marcelo Moreira): O contrato para março de 2025 fechou a semana a 22,24 centavos de dólar por libra-peso, após atingir uma máxima de 23,14 e uma mínima de 21,86 centavos. No curto prazo, as próximas resistências estão em 22,61 e 23,99 centavos, enquanto os suportes se encontram nas médias móveis de 200 e 100 dias, em 20,54 e 19,81 centavos de dólar por libra-peso. Se o preço romper os 19,81 centavos, atenção à possível correção para fechar o gap deixado em 23 de agosto de 2024, em 18,74 centavos.
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Aos que estão indo para o Sugar Dinner em Londres, desejo uma excelente viagem e bons negócios (Arnaldo Luiz Corrêa é diretor da Archer Consulting; 11/10/24)