Em entrevista exclusiva ao BrasilAgro, o presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários – ABTP, Jesualdo Silva, elencou uma série de ações desenvolvidas nos últimos anos através dos 230 terminais localizados em 22 Estados que viabilizam a exportação de produtos do agro nacional bem como a importação de insumos que transformaram o Brasil como protagonista e líder na produção mundial de alimentos.
“Nossa estrutura portuária não fica devendo em nada aos principais portos do mundo, a exemplo de Singapura (Cidade-estado localizada no sul da Malásia), Hamburgo (Alemanha) ou Los Angeles (EUA), pois operamos dentro das regras internacionais e desempenho e produtividade , com utilização das mais modernas tecnologias da área e alto nível de capacitação dos envolvidos. Os navios cada vez maiores, com mais cargas e com brevíssimos tempo de espera para a operação”, explica o presidente da ABTP.
Ao mesmo tempo, ele destaca o alto e permanente grau de investimentos na estrutura portuária brasileira, a partir do Reporto, uma das medidas relacionadas à Política Industrial levada a cabo pelo governo federal em 2004 com o objetivo de estimular a realização de investimentos na recuperação, modernização e ampliação dos portos brasileiros, reduzindo o surgimento de gargalos logísticos na infraestrutura portuária.
“Os principais países do mundo isentam os investimentos feitos em infraestrutura, ou seja, não há tributação. Aqui no Brasil, o sistema de incentivos vence no final do ano e estamos trabalhando, com o apoio do Ministério dos Portos e Aeroportos para a renovação, ao menos pelos próximos 5 anos, que é a fase de transição da Reforma Tributária. Em todas as renovações do Reporto, sempre contamos com o apoio da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) e da Frente Parlmentar da Agropecuária (FPA). A Reforma Tributária contemplará a questão dos investimentos em infraestrutura“, explica Jesualdo Silva.
Neste momento o governo federal prepara a licitação de novos terminais e há significativos investimentos em armazéns nas fazendas que produzem grãos. Crescem também os investimentos em unidades de produção de açúcar, suco de laranja, algodão e proteína animal (bovina, suína e avícola)
“Nos últimos anos foram autorizados mais de 200 terminais privados, muitos deles para atender o segmento de granéis. Há investimentos em modais de transporte, com destaque para as hidrovias na Região Norte nos rios Tapajós e Madeira. Ao mesmo tempo, temos visto dificuldades para a ampliação de capacidade de instalações portuárias dentro dos Portos Púbicos, por questões normativas e gestão setorial. Por isto acabamos de promover a visita de autoridades brasileiras, incluindo representantes do Congresso Nacional, para conhecerem a funcionabilidade do Porto de Hamburgo, na Alemanha. Entendemos que as ações de benchmarking permitem conhecer as melhores práticas de gestão de serviços e conduzem a um desempenho superior ao aqui praticado. A ABTP está concluindo um estudo de melhorias a serem propostas para reduzir tais situações”, esclarece Jesualdo Silva.
Economia Verde
Durante a visita da comitiva brasileira à Alemanha ficou evidenciado o foco na nova economia verde e do papel que pode e certamente será desempenhado pelo Brasil nesta que é considerada a 4ª Revolução Industrial. “Estamos no caminho para implementar projetos de descarbonização dos nossos portos e também para adequá-los para a exportação do hidrogênio verde”, explica o presidente da ABTP.
Com efeito, o Brasil como país pioneiro na produção de energia limpa e renovável, a partir da década de 70 com o advento do Proálcool, seguido do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, da implantação dos parques eólicos, dos sistemas fotovoltaicos (energia solar) e agora com o conceito de economia verde tem uma oportunidade única para assumir o protagonismo global desta nova era.
Exportações de soja
Maior entidade do setor, a ABTP atua há 34 anos. Representa 80 empresas associadas, responsáveis pela gestão de 234 terminais portuários, sendo 131 arrendados, 86 TUPs (terminais de uso privado) e 17 estações de transbordo. Juntas, essas empresas são responsáveis por 76% da movimentação portuária nacional e 19% do PIB brasileiro.
A exportação de soja, via portos deve bater recorde com 99 milhões de toneladas e o grande desafio é logístico. No ano passado, o volume exportado chegou a 77 milhões de toneladas. Isso significa que vão chegar aos portos de todo o País 22 milhões de toneladas a mais do que no ano passado.
Os portos têm feito investimentos para reduzir os gargalos mas há muito a se fazer. O Porto de Santos embarca cerca de 40% da soja exportada, enquanto outros 37% saem pelos portos do Arco Norte, especialmente os de São Luís/Itaqui/PDM, no Maranhão, Belém/Barcarena e Santarém, no Pará. O Porto de Paranaguá (PR) exporta 11% da soja brasileira (Da Redação, 5/10/23)