Por Pasquale Augusto
Durante a 23ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol, o vice-presidente Geraldo Alckmin disse que o governo estuda elevar a mistura obrigatória de biodiesel no diesel para 20%.
A ideia de Alckmin é incorporar essa elevação no projeto de lei Combustível do Futuro (PL 4516/23), assinado por Lula no mês passado.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o PL deve viabilizar investimentos de R$ 250 bilhões.
“A mistura de etanolanidro na gasolinaé de 27%. Há um estudo para aumentar para 30%, e o biodiesel, que estava em 10% e hoje está em 12%, deve chegar a 15%, e há propostas até para elevar ainda mais, para até B20”, explicou Alckmin.
Biodiesel: Existe viabilidade no curto prazo?
De acordo com Leonardo Rossetti, analista de biodiesel na StoneX, não há viabilidade para a elevação da mistura no curto prazo, já que há a necessidade de uma adequação das usinas e também da garantia da matéria-prima.
“Vislumbrando um cenário em que a mistura em 20% no ano que vem, estaríamos falando de um consumo de 10 milhões de toneladas de óleo de soja, sendo que na safra 22/23, produzimos cerca de 10,6 milhões de toneladas”, explica.
Rossetti ressalta que a produção seria suficiente se o óleo de soja fosse usado apenas para a produção de biodiesel, mas entre 2,5 – 3 milhões de toneladas (23% – 28%) desse total são destinados para o setor de alimentos.
“Em seu discurso, Alckmin mencionou os estudos que estão sendo realizados e acredito que a ideia é viabilizar essa meta no longo prazo. No curto prazo, um aumento mais viável fica por conta de 15%, já que o Brasil conta com a matéria-prima e capacidade necessária por parte das usinas”, comenta.
Por fim, Rossetti projeta o crescimento da participação de algumas outras matérias-primas para produção do biodiesel no longo prazo, como o óleo de palma e o óleo de algodão, que devem dar mais fôlego à indústria (Money Times, 24/10/23)