ANP tem 22 plantas de etanol de milho homologadas e mais seis estão com pedidos protocolados; empresas brasileiras também se credenciam para exportar aos EUA.
A previsão de aumento do mercado está gerando um movimento de abertura de novas usinas de etanol com produção a partir da cana-de-açúcar, o que não se via há pelo menos dez anos, e principalmente de operações que farão o combustível com uso do milho.
Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial daUnião da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), afirma que atualmente há 22 plantas de etanol de milho homologadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) e pelo menos mais seis estão com pedidos protocolados.
No início do mês, o Grupo Inpasa, que já atua no setor de biocombustível, anunciou que abrirá uma unidade em Balsas (MA) em 2025. A empresa prevê investimento de R$ 1,2 bilhão na primeira fase do projeto, que terá capacidade anual de processar 1 milhão de toneladas de milho e outros cereais para produzir 460 milhões de litros de etanol e proteínas para ração animal.
A União Nacional do Etanol de Milho (Unem) prevê que a produção chegue a 10 bilhões de litros em 2030, o que deve representar mais de 20% do mercado brasileiro do combustível. Para a safra 2023/2024, iniciada em abril, a entidade espera 6 bilhões de litros, alta de 36,7% ante a safra anterior.
Em maio, o grupo Nardini Agroindustrial inaugurou uma usina em Aporé (GO) para moer 900 mil toneladas de cana em sua primeira safra, o que renderá 80 milhões de litros de etanol, além de energia derivada do bagaço da cana. O investimento é de R$ 800 milhões.
Outra nova usina que terá a cana como matéria-prima é a Cedro, do Grupo Pedra Agroindustrial, em Paranaíba (MS), a partir de 2025. O aporte estimado é de R$ 400 milhões. “Também há várias usinas de cana em operação que estão anunciando aumento de capacidade”, diz Rodrigues.
O etanol, ressalta ele, não é mais uma solução para a descarbonização somente dos automóveis, mas também do transporte aéreo (com possibilidade de ser usado na produção do SAF, o combustível sustentável de aviação) e no marítimo.
No caso do transporte de passageiros, o etanol deve ser fonte para novas tecnologias de carros híbridos, híbridos plug-in e a célula de combustível, como vetor para o hidrogênio. “Hoje temos um leque de possibilidades que não existiam há cinco anos, período em que várias usinas fecharam as portas”, lembra o diretor da Unica.
Outro mercado que vem se expandido para os produtores brasileiros é o de exportação de etanol para refinarias que vão produzir o SAF nos Estados Unidos. Segundo Rodrigues, pelo menos quatro empresas brasileiras, entre elas a Raízen, já estão credenciadas para fornecer o produto a fabricantes americanos que entrarão em operação nos próximos anos (Estadão, 8/10/23)