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ONU pede que energia limpa dobre até 2030

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Crise climática coloca em risco a segurança energética e o fornecimento de energia renovável, diz relatório.

O fornecimento de energia limpa deve dobrar até 2030 para evitar que as mudanças climáticas coloquem em risco a segurança energética global, disse a ONU (Organização das Nações Unidas) nesta terça-feira (11).

O setor de energia não é apenas uma fonte significativa de emissões que impulsionam as mudanças climáticas, mas também é vulnerável às mudanças que acompanham o aquecimento global, diz um novo relatório da OMM (Organização Meteorológica Mundial) das Nações Unidas.

Se o mundo não migrar rapidamente para fontes de energia limpa para retardar a crise climática, as condições meteorológicas e um estresse hídrico mais extremo colocarão em risco a segurança energética e inclusive risco o fornecimento de energia renovável, alerta o documento.

“O tempo não está do nosso lado e nosso clima está mudando diante de nossos olhos”, insiste o chefe da OMM, Petteri Taalas, em comunicado. “Precisamos de uma transformação completa do sistema energético global.”

O chefe da OMM lembra que o setor de energia é a fonte de cerca de três quartos das emissões mundiais de gases de efeito estufa, insistindo que “a transição para modos limpos de produção de energia (…) e a melhoria da eficácia energética são vitais”.

Taalas adverte que atingir a meta de emissões líquidas zero até 2050 não será possível a menos que “dobremos o fornecimento de eletricidade de baixa emissão nos próximos oito anos”.

O zero líquido, ou neutralidade de carbono, será alcançado quando as emissões de dióxido de carbono das atividades humanas forem equilibradas em escala global pela absorção de CO2 em um determinado período.

ESTRESSE HÍDRICO

Este relatório da OMM sobre o estado dos serviços de climatologia, um documento anual que este ano tem foco na energia, destaca a crescente importância do acesso a informações e serviços meteorológicos, hidrológicos e climáticos confiáveis para garantir a resiliência das infraestruturas energéticas e responder à crescente demanda.

O impacto dos eventos meteorológicos, hídricos e climáticos —que se tornaram mais extremos, mais frequentes e muito mais intensos pelo aquecimento global— na confiabilidade do acesso à energia já é notório, observa a OMM em seu relatório.

Como exemplo, a organização cita os grandes cortes de energia causados por uma histórica onda de calor em Buenos Aires em janeiro.

Em 2020, 87% da energia mundial produzida a partir de usinas térmicas, nucleares e hidrelétricas dependia diretamente do acesso à água, lembra a OMM.

Ao mesmo tempo, um terço das usinas termelétricas que necessitam de água doce para seu funcionamento estão localizadas em áreas de grande estresse hídrico, assim como 15% das usinas nucleares existentes, proporção que deve chegar a 25% nos próximos 20 anos.

Outro risco enfrentado por essas usinas: muitas vezes localizadas no litoral, são potencialmente vulneráveis à elevação do nível do mar e às inundações.

A OMM também estima que 11% da capacidade hidrelétrica do mundo está igualmente localizada em áreas de alto estresse hídrico, enquanto mais de um quarto das barragens hidrelétricas existentes e quase um quarto das barragens planejadas estão localizadas em bacias hidrográficas que lutam atualmente contra a escassez de água média e alta, indica a OMM.

A transição para as energias renováveis ajudará a aliviar o crescente estresse hídrico mundial, de acordo com o relatório, que conclui que a quantidade de água usada pela energia solar e eólica é consideravelmente menor do que a das usinas tradicionais.

INVESTIR NA ÁFRICA

Por enquanto, as promessas dos países “ficam aquém” do que é necessário para cumprir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris de 2015 sobre mudanças climáticas.

De acordo com o relatório, os investimentos globais em energia renovável “precisam triplicar até 2050 para colocar o mundo em uma trajetória líquida zero”.

A OMM pede mais investimentos em energias limpas na África. Este continente, que já enfrenta grandes secas e outros graves efeitos das mudanças climáticas, não obteve mais de 2% dos investimentos em energia limpa nas últimas duas décadas.

E, no entanto, com 60% dos melhores recursos solares do mundo, tem potencial para se tornar um participante importante na produção de energia fotovoltaica, diz a OMM.

“O acesso à energia moderna para todos os africanos requer um investimento de 25 bilhões de dólares por ano”, segundo o relatório. Isso equivale a cerca de 1% dos investimentos globais em energia hoje (Folha de S.Paulo, 12/1022)

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