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Açúcar: Tensões e turbulências para todos os gostos

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Por Arnaldo Luiz Corrêa

O mercado futuro de açúcar em NY apresentou um desempenho sofrível durante a semana e fechou o pregão de sexta-feira com o contrato para vencimento março/23 cotado a 17.58 centavos de dólar por libra-peso, uma expressiva queda acumulada na semana de 80 pontos, equivalentes a quase 18 dólares por tonelada.

Comentamos neste espaço que o açúcar teria muita dificuldade em retornar ao patamar de 19 centavos de dólar por libra-peso, mas poderia encontrar suporte ao redor dos 17 centavos de dólar por libra-peso. No entanto, o ininterrupto agravamento do cenário global tem contribuído fortemente para a deterioração do mercado e levou o contrato de açúcar em NY a quebrar os 17 centavos de dólar por libra-peso nos vencimentos futuros da safra 23/24 do Centro-Sul (maio-julho-outubro de 23 e março-24).

Para agravar a situação, a eleição presidencial no Brasil, cujo segundo turno ocorre neste domingo, adiciona um componente de volatilidade e descrédito por parte dos potenciais investidores estrangeiros, reflexo da absoluta ausência de um plano sólido de governo de ambos os candidatos, empurrando o real para próximo dos R$ 5,4000.

Independentemente do resultado das urnas (que deve sair próximo das 9 horas da noite de domingo) é consenso que o Brasil terá um ano muito difícil na economia e na política, com previsíveis de aumentos de impostos necessários para fazer frente aos gastos excessivos do governo federal este ano.

Mas, nem tudo é espinho. Parece que o fundo do poço para o hidratado foi alcançado. Considere que existe hoje uma defasagem de 18% entre o preço da gasolina praticado pela Petrobras na refinaria e o mercado internacional. Apesar de a empresa alegar que no seu modelo de apreçamento ela utiliza uma média suavizada dos preços internacionais tomando o cuidado de não contaminar o valor com a volatilidade do real em relação ao dólar, as chances de reajuste assim que a eleição for decidida parecem bem altas. Essa pode ser a boa notícia.

Se tivermos uma correção de preços da gasolina e o retorno dos impostos federais ainda no primeiro trimestre de 2023, o hidratado deve encostar no preço do açúcar. No comentário do dia 26 de agosto nós afirmamos que subprodutos de uma commodity tendem a ter seus preços em equilíbrio, e a diferença entre o hidratado e o açúcar chegou a bater 450 pontos. Nossa orientação foi de vender o açúcar em NY e comprar o hidratado na B3. A diferença estreitou para 150 pontos. Quem analisou o mercado desapaixonadamente embolsou US$ 66 por tonelada.

As tensões geopolíticas e as turbulências econômicas vindas da China e da Europa configuram o pano de fundo para um 2023 carregado de incertezas e surpresas. O Brasil vai precisar fazer a lição de casa para não chafurdar ainda mais na polarização despropositada que em nada tem contribuído para a resolução dos problemas angustiantes que afligem o País. Vai ter que haver um esforço muito grande que leve o País a um arranjo produtivo entre Executivo e Congresso visando o enfrentamento do período difícil que teremos adiante. O grande problema do Brasil permanece na baixa qualidade da nossa classe política e na sua vergonhosa falta de comprometimento com o futuro do País.

O último número da UNICA mostrava uma moagem acumulada na primeira quinzena de outubro de 458.7 milhões de toneladas de cana. Esse é o menor número acumulado desde a safra 2012/13.  O total moído acumulado até aqui representou em média 7.6% da safra final, se tomarmos os últimos 5 anos, ou 85.4% dos últimos 8 anos. Numa projeção simplista, o volume final para a corrente safra ficaria entre 523 e 537 milhões de toneladas de cana.  

O modelo desenvolvido pela Archer Consulting estima que a fixação de preços das usinas para a safra 23/24 em setembro/22 foi de 1,943,000 toneladas de açúcar ao preço médio equivalente a R$ 2,162 por tonelada FOB. Esse foi o maior volume mensal registrado desta safra. Acreditamos que essa aceleração foi motivada pelos preços baixos do hidratado e o aumento na produção de açúcar para esta safra, em função da mudança de mix.

Cumulativamente, até 30 de setembro, o volume total fixado para a safra 23/24 atingiu 9.36 milhões de toneladas de açúcar ao preço médio de 17.31 centavos de dólar por libra-peso sem prêmio de polarização. A fixação corresponde a R$ 2,224 por tonelada FOB Santos, com prêmio de polarização, equivalentes a 96,82 centavos de reais por libra peso, com polarização. A cotação média do real no mês de setembro/22 foi de R$ 5,2357.

Na bolsa de NY, o volume de contratos futuros de açúcar negociado em setembro foi recorde para a safra: 3.82 milhões de contratos negociados no mês, mostrando uma expressiva expansão de 161% em relação ao volume negociado no mês de agosto.

As vagas estão acabando. Não deixe de fazer o Curso Inteligência da Comercialização de Etanol no Mercado de Combustíveis (PRESENCIAL), ministrado por Tarcilo Rodrigues e promovido pela Archer Education. Ele ocorre no próximo dia 10 de novembro em São Paulo. Para mais informações pelo e-mail priscilla@archereducation.com.br (Arnaldo Luiz Corrêa é diretor da Archer Consulting, 29/10/22)

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