A produção de açúcar do Brasil na temporada 2022/23 (iniciada em abril) deve ficar em torno de 32,5 milhões de toneladas, estima a trading britânica Czarnikow, que reduziu a previsão em 700 mil toneladas ante a projeção anterior, que era de 33,2 milhões de toneladas.
A revisão ocorreu em virtude das fortes chuvas no Centro-Sul do País, fenômeno que, segundo a trading, pode atrasar a colheita e a moagem da cana-de-açúcar e diminuir a qualidade do produto, mensurada em kg de Açúcar Total Recuperável (ATR), caso continue acima da média.
Segundo a estimativa, a região produziu 2,8 milhões de toneladas a menos de açúcar do que o ano anterior e só deve superar a produção de 2021 em novembro.
Em comentário ao mercado, a Czarnikow afirma que as fortes chuvas na segunda quinzena de setembro no Centro-Sul brasileiro, maior região produtora de cana do mundo, resultaram em mais de quatro dias de parada nas operações.
“As chuvas fortes impediram o acesso aos canaviais para evitar compactar o solo e danificar a cana”, afirma a trading. “Como resultado, a produção de açúcar para a região foi 600 mil toneladas menor do que seria se o clima estivesse normal”, destaca.
A colheita de cana no Centro-Sul do Brasil já estava atrasada em 2022, uma vez que as usinas decidiram começar a moer a matéria-prima no fim do segundo trimestre para permitir que a cana tivesse mais tempo para se desenvolver. No começo da safra, o mix de produção também foi mais alcooleiro, pois o preço do etanol oferecia retornos mais vantajosos aos produtores, o que limitou a fabricação do adoçante, ressalta a Czarnikow.
Uma eventual queda no ATR também faria as usinas voltarem a direcionar mais cana para etanol, já que a cana de baixa qualidade é mais adequada para produzir o biocombustível do que o açúcar.
Apesar da perspectiva de oferta limitada do adoçante, nada é garantido e muitos fatores ainda são incertos, pondera a trading. Muitas indústrias devem estender a moagem até dezembro e seguir observando os efeitos de um terceiro ano consecutivo com La Niña, fenômeno que provoca chuvas acima da média em algumas áreas do Centro-Sul. “As usinas estão contando com o clima no último trimestre de 2022 em linha com as médias históricas ou mais seco do que o normal”, observa a Czarnikow (Broadcast, 17/10/22)