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Questões do presente e do futuro na COP28 afetarão agro brasileiro

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Temos de estar atentos para a impressão de que a transição energética vai demorar mais do que se previa.

A semana passada começou “fervendo” com as questões do Enem, ponta do iceberg da ideologização à esquerda do ensino brasileiro. Tema estrutural que demanda grande atenção da sociedade civil organizada, especialmente quanto ao Plano Nacional de Educação 2024-2034, em elaboração.

Mas há pontos outros com os quais se preocupar, como a COP 28 – Conferência das Partes – que se realizará em Dubai de 30 de novembro a 12 de dezembro próximos, que vai tratar de:

1) Sistemas agroalimentares: Pesa o argumento de que a agenda do clima deve incorporar mudanças no modo de produzir alimentos, com políticas de mitigação ou de adaptação do uso da terra;

2) Redução do uso de fósseis na geração de energia.

Apesar das expectativas de avanço neste ponto, europeus e americanos continuam investindo em petróleo e térmicas. Além disso, a COP será realizada em um país onde o petróleo é uma das principais fontes da economia…;

3) Adaptação e financiamento. O foco será em políticas de aprimoramento nos processos produtivos, visando elevar a resiliência e a produtividade de sistemas expostos aos efeitos das mudanças climáticas. Discute-se a criação de metas globais de adaptação, em especial na agricultura;

4) na COP 27 em 2022, foi anunciada a ideia de um Fundo de Perdas e Danos para reparar países que já sofrem com as mudanças. O assunto também estará na pauta, mas é difícil prever progressos no mesmo.

O que esperar então da COP 28, evento que reunirá enorme quantidade de lideranças mundiais? Há a expectativa de conclusão do Global Stocktake, que permitiria negociações futuras que garantam a manutenção da temperatura dentro do limite de elevação de 1,5ºC até o final do século.

Também se espera que os países ricos finalmente aportem os US$ 100 bilhões anunciados (e nunca efetivados) para apoio aos países em desenvolvimento; e novos fundos podem ser criados.

O Brasil terá uma das maiores delegações do evento, com ampla participação de lideranças políticas, acadêmicas e da sociedade civil. Nossa mensagem comum entre governo e setor privado enfatizará o compromisso com a proteção da Amazônia e dos recursos naturais, mostrando a inegável matriz energética limpa e

a sustentabilidade de nossa produção agropecuária.

Mas temos de estar atentos para a crescente impressão de que a transição energética (até recentemente o foco central das COPs) vai demorar mais tempo do que se previa. Isso pode empurrar o debate para mudanças do uso da terra, mais rápido e mais barato. Seria um erro e poderia aprofundar a divisão de trabalho entre países ricos e pobres (Roberto Rodrigues é ex-ministro da Agricultura; Estadão, 12/11/23)

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