O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), companhia de melhoramento genético e biotecnologia na cana-de-açúcar, obteve lucro líquido de R$
39,1 milhões no segundo trimestre do ano-safra 2023/24, avanço de 54,9% em comparação com o mesmo período da temporada anterior, informou ontem (13), a companhia, depois do fechamento do mercado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) subiu 3,2% na mesma comparação, para R$ 40,2 milhões, enquanto a receita líquida cedeu 2,6% e alcançou R$ 89,2 milhões.
O caixa líquido do CTC no segundo trimestre do ano-safra 2023/24 totalizou R$ 327,7 milhões, aumento de 6,1% em relação ao mesmo período da safra anterior. Já o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) subiu 8,3% na comparação anual, para R$ 49,9 milhões. “A gente é uma companhia de P&D puro”, disse a diretora Financeira e de Relações com Investidores do CTC, Denise Francisco.
Segundo ela, os resultados foram impulsionados principalmente pela comercialização de cultivares de maior valor agregado com alta tecnologia. “Nossas variedades hoje já têm potencial para entregar uma produtividade de 12,5 toneladas por hectare e temos clones que no futuro vão entregar 14 toneladas por hectare”, exemplificou. “Temos lançamentos previstos para os próximos anos desses clones que estão em experimentação já com uma quantidade de açúcar maior. Quanto maior a produtividade, maior o retorno que temos em royalties.”
Entre os carros-chefes da companhia estão o projeto Sementes, a expansão das variedades de organismos geneticamente modificados (OGMs) e o programa de melhoramento genético. Conforme a diretora, esses projetos hoje estão em fase de desenvolvimento. “Chamamos de fase de desenvolvimento um conceito de produto aprovado, uma tecnologia já comprovada, onde no futuro vamos poder amortizar esses investimentos, porque eles já estão em fase de regulamentação, testes em campo comercial e colocação no mercado.”
De acordo com ela, em termos de pesquisa, o CTC investe ainda em outras proteções, como o bicudo da cana-de-açúcar, praga considerada crítica para o setor. Outras pesquisas envolvem também uma parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para desenvolver cana-de-açúcar com maior concentração de açúcar, variedades resistentes a alumínio, para no futuro serem resistentes à seca, e edição genômica para proteção de vírus. “Estaremos prontos para daqui a 10 anos entregarmos os resultados do que viemos investindo”, acrescentou.
Para o restante do ano-safra, a expectativa do CTC é de manter a margem Ebitda em torno de 50%, visto que, de acordo com a diretora financeira, a temporada transcorre dentro do previsto. Outro ponto mencionado pela diretora como essencial para o futuro da empresa foi a aprovação de um financiamento de R$ 180 milhões para investir em projetos de biotecnologia (variedades transgênicas) e de sementes (novo sistema de plantio) da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
A companhia estima que a produtividade do Centro-Sul seja 21,5% superior à da safra 2022/23, com Açúcar Total Recuperável (ATR) acumulado em 136,6 kg/tonelada de cana, estável, “com variações inferiores para a maioria das regiões produtoras devido ao maior volume de chuvas, com precipitação cerca de 38,5% acima da média histórica e 30,5% acima do acumulado na safra passada, o que diminui o nível de sacarose da cana”.
O CTC considera ainda que a precipitação recorde tem melhorado o armazenamento de água do solo, um dos fatores de impulso para o incremento na produtividade, que passou de 10,2 toneladas por hectare no segundo trimestre de 2022/23 para 12,4 toneladas por hectare em 2023/24.
Para 2024/25, a expectativa é de já ter quatro novos clones no mercado, a depender dos resultados dos testes em campo, e eventualmente até mesmo uma variedade já com o rendimento de 14 toneladas por hectare. No projeto sementes, também há experimentação em campo em algumas usinas, com perspectiva de lançar um piloto vindo desses investimentos na temporada 2025/26. “Em até 10 anos queremos duplicar o portfólio que temos”, afirmou. “A ideia é que o setor daqui a 20 anos possa dobrar a produtividade do canavial”, concluiu Francisco. Atualmente o CTC tem 14 variedades em seu portfólio (Broadcast, 14/11/23)
