Impacto de fala do governo sobre questão fiscal nos juros futuros e queda em projeção de inflação contribuíram para o resultado.
O Brasil voltou à liderança no ranking mundial de juros reais, mesmo após a redução da taxa básica na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central desta quarta-feira (1º).
O juro real no Brasil está em 6,9% ao ano, valor superior ao do México (6,89%), segundo ranking elaborado pelo Portal MoneYou. Os dois países inverteram as posições em relação ao verificado na reunião do Copom de setembro.
A taxa real é uma combinação de inflação projetada para os próximos 12 meses, considerando dados do relatório Focus do BC, e a taxa de juros de mercado dos próximos 12 meses.
As recentes declarações do governo em relação à questão fiscal afetaram as curvas de juros, o que afetou o resultado, segundo o portal.
Além disso, a projeção de inflação recuou de 4,1% para 3,89%, o que também contribuiu para um juro real mais alto.
De 176 bancos centrais analisados, 73,3% mantiveram suas taxas básicas, 16,5% elevaram e apenas 10,2% cortaram, entre eles, o Brasil.
Em termos nominais, com uma taxa Selic de 12,25% ao ano, o Brasil manteve a sexta posição.
As maiores taxas ao ano coletadas pelo portal são as da Argentina (133%), Turquia (35%), Rússia (15%), Colômbia (13,25%) e Hungria (13%).
Entre as grandes economias, os EUA estão com juro real de 1,62% ao ano, a China com 0,27%, e o Reino Unido com 0,97%. Nos países da zona do euro, a taxa real está próxima de 1% ao ano.
Seis países do levantamento possuem juro real negativo: Polônia (-1,09%), Japão (-1,81%), Turquia (-4,79%) e Argentina (-11%).
GLOSSÁRIO
Taxa básica de juros
A taxa Selic é a referência para os demais juros da economia. Trata-se da taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia)
Taxa real de juros
Considera uma taxa nominal, a Selic, por exemplo, descontada a inflação
Taxa real ex-ante
Calculada olhando para a frente (taxa esperada), com base nas projeções para juros e inflação. É a mais relevante para a política monetária, pois influencia decisões futuras de investimento e consumo
Taxa real ex-post
Calculada olhando para trás (taxa verificada), com base nos juros e na inflação nos últimos 12 meses, por exemplo. Serve para avaliar um investimento já realizado
Copom (Comitê de Política Monetária)
Órgão do Banco Central, formado pelo seu presidente e diretores, que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia, a Selic
IPCA
Indicador medido pelo IBGE que serve como meta de inflação. A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional, órgão que tem a participação do BC, do ministro da Fazenda ou da Economia e de outros membros da equipe econômica (Folha, 2/11/23)