Por Cesario Ramalho
Setor só precisa mostrar a verdade do que vem fazendo na Conferência do Clima, ou seja, crescendo com responsabilidade ambiental.
O agronegócio brasileiro moderno e profissional não tem o que temer na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP 28), que acontece de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O setor só precisa mostrar a verdade do que vem fazendo, ou seja, crescendo com responsabilidade ambiental.
Primeiramente, sempre vale lembrar que o Código Florestal, ao qual o uso e ocupação do solo por parte da atividade agropecuária são submetidos, é uma das leis ambientais mais rígidas do planeta, prevendo, por exemplo, dispositivos de proteção como áreas de preservação permanente e reserva legal. Dados oficiais mostram que, enquanto se registra um aumento de 140% das áreas de plantio nas últimas cinco décadas, a produtividade agrícola teve crescimento de 580%.
O Brasil desenvolveu um eficiente e ambientalmente amigável modelo próprio de agricultura tropical ancorado em boas práticas, que não encontra similaridade na produção de clima temperado. Sistema de plantio direto na palha, integração-lavoura-pecuária-floresta, fixação biológica de nitrogênio, tecnologias de sequestro de carbono, uso cada vez mais intensivo de bioinsumos, como, por exemplo, soluções de controle biológico de pragas e doenças e fertilizantes “verdes” são ativos ambientais reais do agro brasileiro.
O desmatamento ilegal não é modus operandi do segmento e a minoria que, infelizmente, ainda o pratica, já sofre o repúdio do mercado e precisa acertar as contas com a lei. Nunca é demais recordar que o combate a qualquer ilegalidade cabe ao Estado. O fato é que aqui implantamos uma virtuosa combinação entre agricultura alimentar e energética, sem qualquer disputa por área, diferentemente do que ocorre, por exemplo, na Europa.
Ao produzir simultaneamente commodities e produtos de elevado valor agregado, tanto alimentares, quanto energéticos, além de fibras etc, o agro ascendeu ao posto de segmento mais competitivo da economia nacional, assegurando o abastecimento interno e gerando excedentes exportáveis, exatamente porque conquistou competitividade global mesmo enfrentando ofensivas internacionais e desconstruções internas injustificáveis.
Na verdade, é a partir das entregas do agro que poderemos almejar ter um novo ciclo de reindustrialização. Grandes potências têm ao mesmo tempo indústria e campo fortes. Neste sentido, a engrenagem de desinformação acerca do agro precisa ser interrompida (Estadão, 29/11/23)