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Etanol dispara em novembro com entressafra e incerteza tributária

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O etanol hidratado foi vendido nas bombas a um preço médio de R$ 3,88 o litro entre 1º e 28 de novembro contra R$ 3,57 no mês anterior

Se forem retomados os tributos sobre a gasolina, o etanol deve recuperar a sua competitividade frente ao combustível fóssil.

 Os preços do etanol hidratado dispararam nos postos de combustíveis do Brasil em novembro ante outubro, em meio a um cenário de oferta menor em função da entressafra de cana no centro-sul e da expectativa em relação a um desfecho quanto às isenções tributárias dos combustíveis, segundo analistas.

  O etanol hidratado foi vendido nas bombas a um preço médio de R$ 3,88 o litro entre 1º e 28 de novembro contra R$ 3,57 no mês anterior, segundo pesquisa divulgada hoje (28) pela ValeCard, que apontou ainda um descolamento em relação à gasolina, que subiu 1,78% no mesmo período, para R$ 5,25 o litro.

 Na última semana, os preços na usina de São Paulo, o maior produtor do Brasil, ficaram praticamente estáveis, segundo levantamento do Cepea, que apontou leves quedas nas duas semanas anteriores, que ainda não compensaram uma alta de mais de 7% no início de novembro.

 O cenário, contudo, é altista, disse o analista de Inteligência de Mercado de Açúcar e Etanol da StoneX Marcelo Filho, com usinas possivelmente segurando vendas.

 Para ele, há duas razões principais para a uma firmeza do mercado: a menor oferta, por conta da entressafra e do prêmio maior do açúcar, e a possível espera por parte de algumas usinas quanto à continuidade das isenções tributárias, ainda incerta.

Se forem retomados os tributos sobre a gasolina, o etanol deve recuperar a sua competitividade frente ao combustível fóssil, o que poderia tornar as vendas de etanol mais rentáveis.

  “A gente está vendo uma tensão, sim, por causa da questão dos impostos. Se eles voltarem, as usinas poderão voltar a produzir mais etanol porque vai ganhar competitividade em relação à gasolina. Então, pode ser que usinas que estão mais estocadas estejam segurando um pouco (a venda)”, disse o analista.

 “E a força desse cenário altista vai depender da questão tributária. Se os impostos voltarem, esse sentimento altista deve durar mais”, acrescentou.

 Agentes do setor sucroenergético estão atentos às indefinições sobre a continuidade ou não da política de isenção dos impostos federais sobre os combustíveis para 2023, disse hoje (28) análise do Cepea/Esalq.

 Levantamento do Cepea indica que boa parte dos vendedores e compradores acredita na volta desses impostos, considerando-se o que se desenha em termos de gastos do novo governo — e, portanto, necessidade de receita.

 Já para a pesquisadora da área de etanol do Cepea/Esalq Ivelise Rasera, a volta ou não dos tributos tende a influenciar o setor em relação a tomadas de decisão pelas usinas, mais na passagem para a próxima safra do que agora, inclusive em função dos estoques mais enxutos.

 “Como a gente já tem uma safra encerrada praticamente, o que pode acontecer é termos um ajuste no planejamento para a safra 2023/2024. Ainda assim não é algo tão rápido, tão fácil de se mudar porque a usina tem o compromisso de entrega do produto, seja açúcar ou etanol, seja no mercado interno ou externo”, disse Ivelise.

 Dependendo da questão tributária, a próxima safra pode ficar mais ou menos alcooleira, com reflexos na produção de açúcar.

 A pesquisadora afirma também que há vários fatores que impactam os preços nas bombas, não só o custo de aquisição do biocombustível junto às usinas (Reuters, 28/11/22)

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