Por Pasquale Augusto
Os preços da gasolina e do diesel praticados pela Petrobras (PETR4) seguem defasados no mercado interno, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Para a gasolina, a defasagem segue em 19%, enquanto os preços do diesel continuam 13% menores que no mercado externo. O salto dos preços internacionais parece atrelado à retomada do crescimento econômico da China e à continuidade de conflitos no Oriente Médio.
De acordo com Pedro Rodrigues, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), há uma grande margem para o reajuste dos preços, sobretudo o da gasolina, cuja defasagem ele enxerga em 24%.
“O preço da gasolina na refinaria nacional (Petrobras) está em torno de 24% abaixo da referência internacional. A grande defasagem praticada na precificação dos combustíveis pela Petrobras acaba por prejudicar a atuação dos demais players do mercado, como os importadores e outros refinadores de menor escala”, avalia Rodrigues.
O etanol e a visão do mercado para Petrobras
Vale lembrar que a viabilidade comercial do etanol depende de seu preço em proporção à gasolina. Se o litro do biocombustível custar até cerca de 70% do litro da gasolina, é mais vantajoso abastecer com o biocombustível.
“O reajuste ou não do preço da gasolina tem um reflexo direto no mercado do etanol, o tornando mais ou menos competitivo. Uma grande defasagem no preço da gasolina, por um longo período, pode contribuir para que o preço ao consumidor final seja mais atrativo, ameaçando o consumo do etanol”, explica.
Sobre o como o mercado enxerga essa questão defasagem, Rodrigues ressalta que isso depende do interlocutor. “Importadores e produtores independentes atuantes no mercado doméstico veem a defasagem sob uma ótica negativa, pois ela representa uma assimetria de mercado, originada no exercício do poder de mercado da Petrobras. Por atender uma fatia muito grande do mercado, a petroleira pode manter os preços baixos de forma artificial”, diz.
“Para investidores da Petrobras, a postura é vista com maus olhos, pois remete a um passado não tão distante em que as políticas de controle de mercado promovidas pela petroleira causaram sérios danos a sua reputação e operação”, finaliza (Money Times, 20/3/24)