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Carro elétrico não solução para emissão de carbono, diz Renan Filho

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Ministro dos Transportes defendeu modelo híbrido para transição energética.

O ministro Renan Filho (Transportes) afirmou nesta terça-feira (19) que o carro elétrico não é a “grande solução” para as emissões de carbono e defendeu o modelo híbrido como melhor opção em um mundo que busca alternativas de energia mais limpa.

“Eu não vejo a discussão trazendo a eletrificação de veículos de pequeno porte como a grande solução para redução de emissão do mundo”, afirmou o ministro durante evento sobre práticas de descarbonização, organizado por Esfera Brasil e MBCBrasil.

“Primeiro, não resolve a questão dos veículos de maior porte, que são grandes emissores. Segundo, não olha a cadeia de carbono completa. Se a energia elétrica é gerada a partir de uma matriz suja, certamente o uso apenas do carro elétrico não significa descarbonização”, continuou.

De acordo com o ministro, o Brasil conta com uma frota na qual cerca de 85% dos veículos são híbridos. “Certamente é o país que menos emite carbono na média por veículo utilizado por cidadão, porque a gente já incorpora na gasolina um percentual de etanol que está em crescimento”, afirma.

Para ele, esse modelo utilizado no país pode se adequar à redução significativa de carbono, trazendo sustentabilidade. Renan Filho ainda falou sobre a descarbonização em veículos pesados, outra prioridade de sua pasta.

O ministro participou do painel sobre o protagonismo do Brasil na transição energética ao lado do deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), que está à frente do projeto de lei sobre biocombustíveis na Câmara dos Deputados.

Antes desse debate, no mesmo evento, o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, falou sobre a recomposição da indústria automotiva do país e defendeu a taxação de carros elétricos.

A retomada do Imposto de Importação, com alíquota de 35%, prevista pelo programa Mover (Mobilidade Verde) para importadores independentes de veículos vai tornar os carros elétricos ainda mais caros no Brasil.

“Investimentos acima de R$ 100 bilhões não vieram do acaso. Foi a determinação de taxar o carro elétrico para estimularmos a nossa rota tecnológica promissora, que é o carro híbrido”, disse Mercadante.

“Hoje temos etanol de segunda geração, cada vez mais produtividade, cada vez mais eficiência, a própria economia mundial está mostrando que essa rota é muito mais promissora que o elétrico puro”, acrescentou.

No caso dos veículos de grande porte, o presidente do BNDES defende a migração do país para ônibus elétrico e a necessidade de conteúdo local na produção.

“Já estamos com cinco montadoras no Brasil, estamos exigindo conteúdo nacional, chassis e baterias têm que ser feitas no Brasil. E nós vamos aumentar a exigência de conteúdo [local] exatamente para a gente poder gerar valor agregado, gerar tecnologia, gerar inovação, gerar emprego de qualidade”, afirmou.

No passado, a exigência de percentuais elevados de conteúdo local na produção industrial acabou não tendo o efeito esperado de incentivo ao desenvolvimento do parque nacional e se converteu em um peso para companhias.

Segundo analistas ouvidos em janeiro pela Folha, os projetos do governo no setor industrial abrem caminho para inchar o BNDES em moldes similares aos de gestões anteriores do PT. O banco de fomento contesta essa avaliação, dizendo que a instituição tem sido alvo de análises precipitadas e que não haverá uma espécie de volta ao passado.

Um programa para ônibus elétricos produzidos no Brasil consta entre as principais ações administrativas planejadas pelo Ministério da Fazenda para 2024. O tema consta na apresentação levada pelo ministro Fernando Haddad ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na reunião ministerial realizada na segunda-feira (18) no Palácio do Planalto.

O ministro Paulo Pimenta, atual chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência, ressaltou que é preciso chegar ao fim de 2025 com avanços em meio aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.

Durante sua fala, Pimenta disse que as emissões de carbono no segmento dos transportes têm aumentado significativamente ao longo dos anos e que é necessário fazer a lição de casa para o Brasil se firmar como líder nesse processo de transição energética. “É preciso trabalhar com o setor para enfrentar o desafio de reduzir essas emissões”, acrescentou.

O ministro disse ainda que há uma “enorme expectativa” no governo para a aprovação do projeto de lei sobre biocombustíveis no Senado ainda nesta terça. Como mostrou a Folha, o texto passou na Câmara dos Deputados com acenos ao petróleo e protagonismo do agronegócio (Folha, 20/3/24)

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