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Açúcar: Pontos vulneráveis perdendo força

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Por Arnaldo Luiz Corrêa

A semana foi de queda no mercado futuro de açúcar em NY. Na quinta-feira, a expiração do contrato futuro com vencimento para março/24 foi seguida de uma robusta entrega de 1.3 milhão de toneladas de açúcar brasileiro, um volume particularmente alto para um período de entressafra. No ano passado, apenas como comparação, a entrega foi de 586,000 toneladas, menos da metade do volume desta quinta-feira.

Quem entregou aproveitou-se de um spread que deu grandes oportunidades para desfazer-se do produto agora e recebê-lo com deságio no próximo vencimento, ou mesmo de entregar imediatamente e comprar da usina para embarque em abril com descontos polpudos. Em algum momento na semana passada o spread mostrava um deságio anualizado de 25% e evidenciava que quem tivesse o produto disponível iria entregá-lo com todo o prazer. Quem recebeu, evidentemente, já tinha destino para o açúcar, pois ninguém rasga dinheiro recebendo um produto que vale menos no dia seguinte.

Enfim, como não poderia ser de outra forma NY reagiu negativamente à entrega física e encerrou a semana cotado a 21.00 centavos de dólar por libra-peso para o vencimento maio/24 (agora o primeiro contrato da tela) amargando uma queda de 82 pontos acumulados, equivalentes a 18 dólares por tonelada. Retração de mesma magnitude foi sentida nos contratos com vencimentos seguintes: o julho/24 encolheu os mesmos 18 dólares por tonelada, o outubro/24 perdeu 16 dólares por tonelada e o março/25, pouco menos de 15 dólares por tonelada.

O valor médio dos açúcares da 24/25, pelo fechamento da sexta-feira e convertidos em reais por tonelada aplicando-se o NDF (Non-Deliverable Forward), um contrato a termo de moeda com liquidação financeira, recuou 107 reais por tonelada na semana chegando ao preço médio de 2,402 reais por tonelada equivalente FOB Santos. Só para contextualizar que a média de fixação da safra 24/25, abrangendo 72% das exportações da próxima safra, segundo o nosso modelo, é de R$ 2,516 por tonelada FOB Santos. Ou seja, quem for fixar agora o saldo que ainda possui, vai fazê-lo a um preço médio inferior à média observado até aqui.

Segundo o CFTC (Commodity Futures Trading Commission), agência independente do governo dos Estados Unidos, que regula os mercados de futuros e opções das commodities, o COT (Commitment Of Trades), relatório dos comitentes publicado nesta sexta-feira com dados da última terça-feira, indicava que os fundos especuladores estavam comprados em 30,642 lotes. No entanto, há de se observar que depois dessa queda de 150 pontos no açúcar em apenas dois pregões esse numero deve ter se reduzido.

Se os fundos especuladores olham seu portfolio separadamente em commodities energéticas, metálicas, grãos e as softs (em que o açúcar se insere) podemos inferir que das soft commodities (açúcar, café, algodão, suco de laranja e cacau) o açúcar é a que tem menos charme atualmente. As três últimas commodities estão mais voláteis e volatilidade é uma matéria prima que os especuladores adoram. No acumulado do ano, cacau já subiu 53%, algodão 17% e suco de laranja 15%.

Reiteramos que o mercado de açúcar terá grande dificuldade em superar os 25 centavos de dólar por libra-peso com o atual cenário fundamentalista. Em nada ajuda uma eventual saída dos fundos ou, ainda pior, se eles decidirem voltar ao açúcar sendo vendedores agressivos ou por meio de uma operação long/short, estratégia em que eles compram uma commodity que acreditam que vai subir e vendem o mesmo valor nocional de uma commodity que eles acreditam que vai cair ou que vai subir menos.

Isso é o que devemos ter no radar e não se apaixonar pela posição. Os dois principais pontos vulneráveis que poderiam elevar o atual nível do mercado são: o recrudescimento do déficit hídrico comprometendo a disponibilidade de açúcar e uma eventual volta da compra dos fundos sem a contraparte vendedora uma vez que as usinas estão bem fixadas. Esse último ponto perdeu força

Após entregar mais de 1.100.000 toneladas de açúcar, o principal vendedor postou no Twitter – que o chatonildo do Elon Musk mudou o nome para X só para encher a nossa paciência – sua previsão de produção de açúcar para 24/25 no Centro-Sul, safra que ainda não começou: entre 42.5 a 44.5 milhões de toneladas. Duas coisas que eles mencionaram que eu acredito ter fundamento: a produção indiana que pode surpreender e a tailandesa que deve ser melhor do que o mercado esperava. Quanto ao volume previsto para o Centro-Sul, acredito que ainda é cedo e o déficit hídrico realmente preocupa. Não custa lembrar, no entanto, que há um ano, as previsões mais otimistas indicavam que o Centro-Sul teria uma produção de cana de 617 milhões de toneladas e uma produção de açúcar no de 37 milhões de toneladas de açúcar para a safra 23/24. Terminamos com quase 650 milhões de toneladas e 42.2 milhões de toneladas, respectivamente.

O que diz nosso analista Marcelo Moreira? Apesar do indicador estocástico estar indicando os vencimentos K4, N4, V4 sobrevendidos, nos demais vencimentos H5, K5, N5 e V5 ainda tem mais espaço para cair. No curto prazo poderemos ver o mercado buscando 20 centavos de dólar por libra-peso, com suporte importante ao redor de 19.80-19.90 centavos de dólar por libra-peso. As resistências no K4 estão a 22,00/22,10/22,60 centavos de dólar por libra-peso e no N4 21,70/21,90/22,10 centavos de dólar por libra-peso.

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