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Açúcar: Governo sufoca as usinas com subsídio à gasolina

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Por Arnaldo Luiz Corrêa

O contrato futuro de açúcar em NY para vencimento maio/24 encerrou a sexta-feira cotado a 21.86 centavos de dólar por libra-peso, uma queda de 25 pontos em relação ao fechamento da semana anterior. Todos os demais vencimentos encerraram com quedas médias de 10 pontos. A semana foi bem pobre em termos de noticias que pudessem trazer algum impulso para o mercado, seja para cima ou para baixo. Assim, as negociações ficaram dentro de um intervalo de pouco mais de 120 pontos entre a mínima e a máxima.

A não ser que intervenções climáticas modifiquem o cenário, a maioria dos traders antecipa que, em breve, observaremos uma curva de carrego mais pronunciada entre os vencimentos de maio/24 e março/25, especialmente se a Índia, contrariando as expectativas atuais, decidir liberar volumes de exportação após as eleições de maio. Assim, espera-se que o mercado futuro de açúcar flutue entre 20 e 21 centavos de dólar por libra-peso nos momentos de baixa e entre 23 e 24 centavos de dólar por libra-peso nos picos. Esta configuração pode representar uma excelente oportunidade para que os compradores industriais reduzam seus custos de matérias-primas através da venda estratégica de opções de venda (puts), enquanto as usinas poderiam se beneficiar de um call spread para maximizar o valor nas suas vendas. No entanto, é crucial lembrar que estamos diante de uma estratégia que exige paciência e visão de longo prazo.

A volatilidade do mercado experimentou um aumento significativo, com a média de 20 dias atingindo 42,70%, em comparação com a média de volatilidade dos últimos doze meses, que foi de 29%. Este aumento na volatilidade pode ser interpretado tanto como um risco quanto uma oportunidade. No mercado de commodities, como o do açúcar, a volatilidade é impactada por uma série de fatores, entre eles: condições climáticas adversas, flutuações na oferta e demanda, e variáveis econômicas globais, bem como questões políticas e geopolíticas. Portanto, caros leitores e leitoras, parece que o mercado de açúcar está navegando de acordo com as leis fundamentais da dinâmica de mercado, cumprindo à risca as previsões e expectativas estabelecidas pelo “manual” do mercado.

Discutimos incansavelmente os impactos das condições climáticas na produção agrícola, e o mercado demonstra estar bastante atento a essas questões. No entanto, ao voltarmos nossas atenções para o cenário político e geopolítico interno, torna-se imperativo analisar a abordagem do governo Lula em relação ao setor sucroenergético. Embora o discurso oficial do governo atual promova o incentivo ao mercado de energias renováveis, suas ações têm sido criticadas por falta de direção clara. Durante a COP28, no final de 2023, Lula destacou a relevância do etanol no contexto da transição energética, enfatizando que 90% da energia consumida no Brasil é renovável, graças à adoção do etanol, políticas voltadas ao biodiesel e ao investimento em hidrogênio verde. Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou uma legislação que eleva o percentual de etanol misturado à gasolina e de biodiesel ao diesel, com a possibilidade de a mistura de etanol alcançar até 35%. Este avanço legislativo representa um passo significativo para o setor e reforça o compromisso com a sustentabilidade e a promoção de energias limpas.

Contudo, em uma demonstração clara da habitual dissonância entre as promessas de Lula e suas ações concretas, o governo tem mantido artificialmente baixos os preços da gasolina por meio de uma intervenção direta na Petrobras, gerando um impacto extremamente negativo para as usinas de etanol. Atualmente, a gasolina está subvalorizada em cerca de 22,80% em relação ao mercado internacional, conforme dados divulgados pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Esta política de preços defasados na refinaria coloca em xeque a competitividade do etanol, cuja viabilidade econômica está intrinsecamente ligada a um preço de gasolina que reflita as condições de mercado. Ao vender gasolina abaixo do valor de mercado, a Petrobras não somente compromete sua própria saúde financeira, mas também mina de forma grave o setor do etanol. E no final, quem é forçado a arcar com os prejuízos dessa política insustentável? O contribuinte brasileiro.

Ah, a justificativa de Lula para congelar os preços da gasolina – proteger o poder de compra das classes menos favorecidas da inflação devastadora – é pura falácia. O argumento cai por terra quando se considera a decisão inexplicável de cortar a distribuição de dividendos da Petrobras, uma medida que poderia ter proporcionado uma robusta injeção de recursos nos cofres do Tesouro Nacional, aliviando as pressões sobre as contas públicas e, por tabela, protegendo efetivamente o poder de compra das camadas mais vulneráveis da população. A verdade é que Lula demonstra um entendimento de economia tão superficial quanto um chimpanzé teria sobre Física Quântica. O fato indiscutível é que, se a defasagem de 22,80% nos preços da gasolina fosse eliminada, isso resultaria em um aumento de receita de pelo menos R$ 0,30 por litro para as usinas de etanol, reduzindo significativamente o prejuízo que a produção de etanol hidratado representa atualmente. Este cenário evidencia uma gestão econômica desastrosa, onde as decisões são tomadas sem considerar suas consequências de longo prazo para a economia e para a população.

Ultimamente, quem aproveita os rallies (período em que os preços experimentam um aumento substancial e sustentado) do dólar, tem se dado bem. Na semana passada a moeda americana chegou a negociar a R$ 5,0300, mas acabou encerrando a semana cotada a R$ 4,9999. Para se ter uma ideia do que esses espasmos representam, pode colocar na conta aproximadamente R$ 30,00 por tonelada FOB equivalente. Nada mal.

Nosso analista Marcelo Moreira tem uma mensagem: “O vencimento Maio-24, após negociar na mínima da semana a 20.88 centavos de dólar por libra-peso na última quarta-feira, conseguiu se recuperar e encerrar a 21.86 centavos de dólar por libra-peso. Com o indicador estocástico encerrando a sexta-feira indicando “venda” o Maio-24 encontra um importante primeiro suporte/resistência 21.80 centavos de dólar por libra-peso e 20.80 centavos de dólar por libra-peso, respectivamente. Rompendo “pra cima” o “suporte/resistência a 21.80 centavos de dólar por libra-peso próximas resistências são 22.90/23.50/23.70 centavos de dólar por libra-peso. Nos demais vencimentos Julho-24 e Outubro-24 resistências importantes respectivamente 22.40 e 22.30 centavos de dólar por libra-peso e suportes a 20.60 e 20.70 centavos de dólar por libra-peso (Arnaldo Luiz Corrêa é diretor da Archer Consulting, 22/3/24)

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