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“PIB do hidrogênio verde” se articula por política industrial

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Um grupo de empresas que, juntas, podem produzir até 1,5 milhão de toneladas de hidrogênio verde (H2V) por ano no Brasil levou esta semana propostas ao governo Lula (PT) para uma estratégia nacional, com foco em infraestrutura e política industrial.

A ação, organizada pelo Instituto Nacional de Energia Limpa (Inel), encontrou-se com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB) e com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG) na quarta-feira, 15.

Na ocasião, foi acertada a criação de um Grupo de Trabalho Interministerial (GT) que ficará sob o guarda-chuva da secretaria de planejamento e transição energética do Ministério de Minas e Energia (MME).

Na prática, o grupo formado por stakeholders como Vale, Porto do Açu, AES Brasil, EDP, Raízen, Huawei e Thyssenkrupp busca participação maior nas discussões do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), lançado no governo anterior, mas que ainda carece de metas e objetivos claros.

“Temos visto várias iniciativas falando de hidrogênio, mas sentimos a necessidade de uma ação coordenada”, conta o secretário de Hidrogênio Verde do Inel, Frederico Freitas.

Pelo mapeamento da associação, apenas a carteira de projetos anunciados no país já soma US$ 30 bilhões e a previsão é que esse número tenha um incremento significativo em 2023, conforme países europeus começam a lançar suas primeiras concorrências internacionais para aquisição de derivados.

No Brasil, os projetos das empresas associadas ao Inel demandarão mais de 15 GW de novas usinas de energias renováveis; 8 milhões de módulos fotovoltaicos instalados; 1.500 aerogeradores eólicos; 60 TWh/ano de eletricidade; e mais de 1.200 km de novas linhas de transmissão.

Para Freitas, essas empresas representam o “PIB do hidrogênio verde brasileiro”: “Se algum projeto for rodar nos próximos dois anos – e vai – será pelas mãos dessas empresas”.

O futuro é considerado promissor, mas falta quase tudo para começar a virar realidade. Nos documentos entregues aos ministros, o Inel define algumas prioridades indicadas como “as dores” dos investidores, como uma infraestrutura elétrica “robusta, resiliente e com custos competitivos, capaz de prover altíssimas capacidades energéticas”, além de redes de gasodutos para escoamento da produção.

No eixo de política industrial, a preocupação é com o domínio tecnológico para a produção de equipamentos, como eletrolisadores, reformadores de biogás, compressores de gás hidrogênio, sistemas de armazenamento e células combustível.

“Isso depende de medidas estruturantes entre as quais está a elaboração de uma política industrial que impulsione a produção de equipamentos e a prestação de serviços com incentivos ao financiamento para descarbonizar setores e segmentos potencialmente competitivos”, diz o documento.

A agenda também promete movimentar o Congresso Nacional este ano. No Senado, Cid Gomes (PDT-CE) vai presidir a Comissão Especial do Hidrogênio Verde, que terá Otto Alencar (PSD-BA) como relator.

Enquanto isso, o Inel movimenta a criação de uma frente parlamentar para o H2V, presidida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do governo, e coordenada pelo deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

Mas o instituto considera prematuro declarar apoio aos projetos de lei que atualmente estão no Congresso.

“Obviamente, o país e as empresas têm pressa. Há um conjunto de eixos que são consensos entre as companhias de um modo geral, mas eu não sei se, no dia de hoje, já temos um projeto de lei na mão para sair defendendo”, comenta o presidente do Inel, Heber Galarce.

Ele acredita que falta “estressar positivamente” a matéria, para atingir um grau de maturidade maior.

As propostas na mesa são o PLS 725/22, do ex-senador Jean Paul Prates, hoje presidente da Petrobras, e o PLS 1878/22, que regula a produção e usos para fins energéticos do hidrogênio verde.

Freitas avalia que ambas não dão a devida atenção ao potencial brasileiro de produção do H2 a partir de rotas biológicas, como reforma do etanol e do biometano.

“Tanto o congresso quanto o executivo precisam compreender toda a potencialidade para a gente quebrar um pouquinho esse monopólio da eletrólise”, defende. “O Brasil tem um grande potencial de eletrólise, mas também tem como potencializar outros setores econômicos”, conclui (EPBR, 20/3/23)

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