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Lula diz que fará propaganda do etanol de 2ª geração para líderes mundiais

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Por Marcelo Toledo
‘Para de encher o saco e compra aquilo que o Brasil tem competência de produzir’, afirma presidente em inauguração de planta em SP.
Lula ao lado do ministro Alexandre Silveira (esq.) e Rubens Ometto, presidente do conselho da Raízen, durante inauguração nesta sexta (24) – Divulgação  PR

A Raízen, maior grupo sucroenergético do país, inaugurou nesta sexta-feira (24) uma planta industrial de R$ 1,2 bilhão para a produção de etanol de segunda geração (E2G) na usina Bonfim, em Guariba (a 339 km de São Paulo).

Com o investimento na segunda planta de etanol celulósico, a maior do mundo, no Parque de Bioenergia Bonfim, a empresa passa a ter capacidade total de produção de 112 milhões de litros anuais, sendo 82 milhões na unidade inaugurada nesta sexta e outros 30 milhões de litros do bioparque Costa Pinto.

A inauguração contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice Geraldo Alckmin (PSB), que estavam acompanhados dos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Renan Filho (Transportes), Márcio França (Empreendedorismo) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

Em seu discurso, Lula disse que o Brasil sempre teve autoestima baixa e citou o ex-jogador Ronaldo Fenômeno, que passou por diversas lesões, como exemplo. Afirmou, ainda, que o país precisa acreditar quando “Deus e a natureza” dão oportunidade e saber se quer ou não aproveitar esse benefício, em relação à produção do etanol de segunda geração.

Disse ainda que a cana, que já foi tão maltratada e criticada por causa das queimadas, agora produz energia e que será garoto-propaganda do etanol desse combustível.

“Estava jogando [ao queimar a cana] energia fora por desconhecimento (…). Nossos pesquisadores conseguiram fazer o que nenhum país no mundo que pensa que é melhor que a gente conseguiu.”

Segundo Lula, a partir de agora ele fará propaganda mundo afora do etanol que conheceu em Guariba e que usará isso quando se encontrar com líderes mundiais, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ou de países como Alemanha e França.

“Vou dizer ‘escuta aqui, vocês têm etanol de segunda geração’? Vocês têm? Então compra o nosso, para de encher o saco e compra aquilo que o Brasil tem competência de produzir”, disse.

Antes dele, Alckmin disse que “para onde nos olharmos, vemos o caminho do etanol”. Afirmou, ainda, que o Brasil será o “grande líder no combate a essas mudanças climáticas”, após dizer que o mundo está há 17 meses enfrentando altas temperaturas de forma ininterrupta.

O etanol de segunda geração é um combustível que é processado a partir de resíduos vegetais, como palha, folhas e bagaço —de cana-de-açúcar, no caso— e que, conforme a Raízen, permite a elevação da produtividade em até 50% sem aumentar o tamanho da área plantada. Antes, esses resíduos eram descartados.

O bagaço já era utilizado para gerar energia elétrica, mas agora também é usado como matéria-prima, junto com a palha e outros resíduos, para a produção do etanol de segunda geração.

O etanol tradicional é feito diretamente com a moagem da cana e passa pelos processos de extração e tratamento do caldo e fermentação e destilaria. Já o etanol a partir do bagaço passa por mais processos: pré-tratamento, hidrólise, separação, evaporação e fermentação e destilaria.

Dos 82 milhões de litros da planta, 80% já estão contratados, segundo a Raizen. Na avaliação do grupo, o investimento tem como objetivo atender a demanda em alta no mundo por tecnologias limpas.

O etanol de segunda geração, de acordo com Rubens Ometto, presidente do conselho da empresa, será fundamental para alimentar soluções que estão em desenvolvimento, como o SAF (combustível sustentável de aviação).

O ministro Silveira afirmou que a força do Brasil é a sua pluralidade energética e que no governo Lula “não se fala em passar boiada”. “Sempre seguiremos a legislação ambiental do país,”, disse.

Já Ometto defendeu a política de preços, pelo fato de o etanol estar diretamente ligado a gasolina. “É importante não matar as outras alternativas de combustíveis.”

Num discurso em que elogiou os ministros, o executivo citou a atuação de Alckmin enquanto governador paulista. Na época, ele reduziu o ICMS do etanol para 12%, com o objetivo de tornar o combustível mais competitivo.

Ricardo Mussa, CEO da Raízen e colunista da Folha, disse que a aposta no biocombustível tem como objetivo atender o compromisso de produzir a energia do futuro de forma limpa e renovável.

“É muito único o que a gente está fazendo aqui no Brasil hoje”, disse. Ele afirmou que o país tem terra fértil, chuva, clima favorável e “gente para fazer isso tudo acontecer”.

“A cana ocupa 1% do território nacional e é responsável por 20% da matriz energética nacional (…). Na Raízen estamos no caminho para extrair o máximo da planta”, disse.

Por isso, ele afirmou que o grupo já tem nove plantas anunciadas, com investimentos semelhantes, e que a empresa chegará a 20 plantas. “E 1,6 bilhão de litros de etanol adicionais sem precisar de um pé de cana a mais.”

A visita de Lula à instalação no interior paulista é a segunda de um presidente nos últimos quatro anos. Em outubro de 2020, Jair Bolsonaro (PL) esteve na unidade para participar da inauguração da maior usina de biogás com produção a partir de derivados da cana-de-açúcar do mundo.

O projeto havia sido iniciado em agosto de 2018 para diversificar o portfólio do grupo. O biogás é produzido por meio de vinhaça e torta de filtro, dois subprodutos da cana.

A capacidade da unidade é de produção de 138 mil MWh por ano, o suficiente para abastecer uma cidade do porte de Araraquara (242 mil habitantes) (Folha, 25/5/24)


‘Se tiver gosto de álcool, até que é bom’, diz Lula sobre o bagaço de cana

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).  Foto Wilton Junior Estadão
A fala foi dita na cerimônia de inauguração da planta de etanol de segunda geração da Raízen em Guariba (SP).

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse na tarde desta sexta-feira, 24, que se o bagaço da cana tiver um “gostinho de álcool, até que é bom”. A fala foi dita em um evento em Guariba (SP), na cerimônia de inauguração da planta de etanol de segunda geração da Raízen.

“Vou visitar um monte de bagaço, que antes era jogado fora. Um pouquinho daquele bagaço era utilizado para misturar na ração animal. Nem sei se a vaca gostava daquilo, mas eu sei que misturava. Eu não pus na boca, não sei se é bom. Se tiver um gostinho de álcool, até que é bom”, diz.

O discurso de Lula se refere ao ciclo da cana-de-açúcar. Atualmente, essa planta gera produtos como cachaçaálcool e açúcar. O bagaço, que antes era descartado, é utilizado como biomassa para gerar energia.

O presidente da República enfatiza que antes o bagaço era usado para outra fins por falta de conhecimento, como combustível para queimas em plantações para afastar animais peçonhentos, por exemplo. Foi a partir da cana que, durante a crise do petróleo na década de 70, foi possível retirar o Proálcool.

“Eu fico percebendo que a nossa engenharia, que os nossos pesquisadores, conseguiram fazer o que nenhum país do mundo que pensa que são melhor do que nós fizeram. A gente consegue transformar aquele bagaço numa coisa que produz o Etanol de muito melhor qualidade do que o Etanol que produzíamos antes, que é o Etanol de segunda geração”, explica.

Ele ainda questiona “qual é o país que tem isso?”, argumentando que as outras nações possuem outras “coisas” que possivelmente não tenha no Brasil, mas que é necessário valorizar o que há em território nacional.

Lula também pontua a necessidade da transição energética mundial, argumentando que o Brasil tem potencial para estar a frente da causa.“A natureza está se manifestando em vários países e o aquecimento global é uma verdade. E qual é o país que tem a possibilidade de descarbonizar o planeta do que nós?, diz.

Raízen inaugura fábrica que produz etanol de segunda geração

Com investimento de R$ 1,2 bilhão e a capacidade de 82 milhões de litros de por ano, a fábrica inaugurada nesta sexta-feira avança na produção de etanol de segunda geração, que é feito com os resíduos da fabricação do etanol comum, o chamado de primeira geração.

Localizada no Parque de Bioenergia Bonfim, em Guariba (SP), a usina conta com 80% da capacidade produtiva já contratada (Estadão, 25/5/24)

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