Livros contam origem dos alimentos que consumimos e abordam agricultura tropical.
Qual é o seu alimento predileto? A diversidade de etnias e de culturas influenciou profundamente a agropecuária brasileira. Os diferentes hábitos alimentares oriundos de indígenas, portugueses, africanos e de outros imigrantes de várias partes do mundo mesclaram componentes e sabores no país.
Isso faz com que o Brasil não tenha uma agricultura e pecuária única, mas uma diversidade alimentar provinda de inúmeros processos históricos, oriundos tanto de tradições locais como da influência de correntes migratórias.
O consumidor tem agora a possibilidade de ver a origem dos produtos, o ano inicial da domesticação desses alimentos, os principais países produtores, o volume, os desafios da produção e a participação da ciência no aprimoramento genético deles.
Para comemorar seus 50 anos, a Embrapa está lançando o livro “Brasil em 50 alimentos“, uma publicação repleta de curiosidades e que mostra a linha do tempo desses alimentos, adaptados e cultivados com métodos e bases atuais.
A carne suína, por exemplo, é consumida desde 18 mil a.C. e chegou ao Brasil em 1532, com Martim Afonso de Souza. A cenoura, que teve origem na antiga Pérsia e era um produto de inverno, foi adaptada para outras épocas do ano.
O arroz, aclimatado na China e na Índia, está em uso há pelo menos 10 mil anos. A maçã, de origem entre a China e a Rússia, é cultivada há 5.000 anos. A ciência adaptou essa fruta tanto para o frio intenso do Canadá como para o semiárido do Nordeste brasileiro.
A mandioca, de origem na América do Sul e que teve o Brasil como centro da dispersão, ganhou importância no mercado brasileiro em 1939, com a obrigatoriedade da mistura da farinha desse produto à do trigo. Atualmente, sustenta 700 milhões de pessoas e a produção mundial chega a 315 milhões e toneladas.
O milho, domesticado há 10 mil anos na Mesoamérica, atual México, era utilizado por maias, astecas, incas e pelas etnias tupi e guarani. A soja, mais jovem, teve sua domesticação na China, há 5.000 anos.
Muitos dos alimentos tiveram origem no Brasil ou na região amazônica, como caju, cacau, guaraná, erva-mate e abacaxi. Originários do país ou não, todos tiveram uma evolução produtiva com base na ciência, muitos nos laboratórios da Embrapa.
A empresa criou um sistema de inovação agropecuária, elevando a produtividade e trazendo para a região do cerrado produtos não imagináveis, como o trigo.
O livro destaca que a Embrapa promoveu a transformação de grandes áreas de solos ácidos e de baixa fertilidade em solos férteis, a tropicalização e a adaptação de plantas e de animais originários de várias partes do mundo e o desenvolvimento de uma plataforma de práticas conservacionistas e sustentáveis.
Coordenado pelo jornalista Jorge Duarte, a publicação não está à venda, mas pode ser acessada gratuitamente aqui.
Outro livro que relembra os 50 anos da Embrapa e que deverá ser lançado nesta sexta-feira (12) na Livraria Martins Fontes da avenida Paulista, em São Paulo, é “Embrapa na Agricultura Tropical“.
Com coordenação editorial do jornalista Benê Cavechini, a publicação tem como objetivo traduzir para uma linguagem mais simples as conquistas da pesquisa no setor.
O livro foca o histórico da Embrapa e o papel que a empresa teve na passagem do país de importador a exportador de alimentos. Um dos fundadores da Embrapa, Eliseu Alves, afirma que o país tinha o desafio de equalizar produção e consumo.
Uma demanda da sociedade, o trabalho da Embrapa comprova que o esforço foi o principal motor das inovações na agropecuária nos últimos 50 anos. A empresa gerou tecnologia e a entregou com rapidez e eficiência ao público-alvo, segundo Cavechini.
No período da constituição da Embrapa, uma das preocupações era a de ter uma empresa pública com autonomia e que não ficasse sujeita aos interesses da política.
O livro mostra ainda os principais pacotes tecnológicos desenvolvidos e as pesquisas com melhoramento genético, tanto em vegetais como na parte animal. Aborda as adaptações, por exemplo, da soja e do milho, dois dos principais cultivos do país.
O leitor vai encontrar também informações sobre o avanço da fruticultura no país, agricultura de precisão, parcerias, além de serviços e sistemas, como o zoneamento agropecuário de risco climático.
Os últimos 50 anos se foram, mas os projetos da empresa focam também as exigências futuras. Mais produtividade e enfrentamento das crises climáticas, cada vez mais frequente, bem como se preparar para o aumento e a chegada de novas pragas no campo.
Além disso, adaptar a produção às novas exigências de sustentabilidade econômica, social e ambiental.
O livro é editado pela Metalivros, tem 255 páginas e custa R$ 195 (Folha de S.Paulo, 12/5/23)