A Canaplan estima que o Centro-Sul do Brasil vai processar entre 593 milhões de toneladas e 595 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2023/24, que começou neste mês e vai se encerrar em março de 2024. As projeções foram divulgadas, ontem (27), durante a 1ª Reunião
Canaplan 2023, realizada em Ribeirão Preto (SP). A consultoria prevê, ainda, produção de açúcar entre 36 milhões de toneladas e 36,8 milhões de toneladas no ciclo. A fabricação de etanol a partir da cana foi estimada entre 25,7 bilhões de litros e 25,8 bilhões de litros no período. Já o milho será responsável por gerar 6,2 bilhões de litros do biocombustível na temporada.
Em 2022/23, as usinas moeram 548 milhões de toneladas de cana e produziram 33,7 milhões de toneladas de açúcar, além de 28,9 bilhões de litros de etanol, somando cana e milho.
Em outubro do ano passado, na 2ª Reunião Canaplan 2022, a consultoria previa moagem de cana em 2023/24 entre 558,7 milhões de toneladas e 570 milhões de toneladas, o que demonstra o incremento expressivo nas estimativas. No período a Canaplan previa, ainda, produção de 34,53 milhões de toneladas a 35,23 milhões de toneladas de açúcar e de 25,02 bilhões de litros a 25,53 bilhões de litros de etanol.
Para revisão das estimativas, a Canaplan avaliou dois cenários extremos. Um deles é mais favorável ao desenvolvimento da cana e considera inverno mais seco, moagem acelerada no segundo semestre deste ano e recuperação da qualidade da matéria-prima. Já o segundo cenário prevê inverno com chuvas, moagem com interrupções e interferências na qualidade da cana. A área tende a se estabilizar ante 2022/23, ao contrário do que ocorria nos últimos anos, e deve ficar próxima de 7,59 milhões de hectares, segundo a Canaplan.
O consultor da Canaplan, Nilceu Piffer Cardozo, afirmou que a safra 2023/24 será de “ostentação”, com forte recuperação dos canaviais impulsionada pelas chuvas que favoreceram o desenvolvimento da cultura no início do plantio. Cardozo acrescentou que há expectativa de precipitação acumulada nos canaviais em 2023/24 entre 1.300 a 1.400 milímetros, o que está muito próximo do ideal para o Centro-Sul. No entanto, para além das chuvas favoráveis ao desenvolvimento da cultura, há modelos meteorológicos indicando risco de configuração de um forte El Niño neste ano, segundo Cardozo.
A chegada do fenômeno ao Brasil, no fim do outono e início do inverno, pode atrasar a moagem. Mesmo com uma eventual demora no processamento, a produtividade não deve ser prejudicada tão expressivamente, já que a safra começou com níveis de rendimento superiores aos anos anteriores. “A gente está conseguindo produzir, mas não sabe se vai conseguir entregar”, afirmou Cardozo.
Com relação a custos em 2023/24, o consultor da Canaplan, Ciro Mendes Sitta, afirmou que os preços de fertilizantes estão 50% a 60% mais baixos em comparação com o ano passado. “Há uma perspectiva de custos mais baixos”, afirmou ele, ressaltando que a maior produtividade prevista para os canaviais também tende a reduzir o uso dos insumos (Broadcast, 28/4/23)