Os preços médios de negociação do açúcar cristal recuaram ao longo de abril, primeiro mês oficial da safra 2022/23. No início de abril, o Indicador CEPEA/ESALQ do cristal, cor Icumsa de 130 a 180, operava na casa dos R$ 143/saca de 50 kg, caindo para R$ 135,43/saca de 50 kg no dia 29, queda de 5,2% frente ao verificado no final de março.
No geral, com o início tardio da moagem neste ano, somente na segunda quinzena de abril que o açúcar do tipo cristal começou a ser ofertado no mercado spot e em pequenas quantidades, visto que eram poucas as usinas que já tinham o produto. Ainda assim, o volume foi suficiente para pressionar os valores de negociação.
Na última semana do mês, especificamente, usinas também disponibilizaram lotes do cristal da safra passada (2021/22) a preço mais baixos, outro fator que reforçou o movimento de queda nos preços.
No balanço do mês, o Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ acumulou baixa de 5,2%, fechando a R$ 135,43/saca de 50 kg no dia 29. Apesar disso, a média mensal foi de R$ 140,68/saca de 50 kg, 2,24% superior à de março (R$ 137,60/saca de 50 kg) e 29,85% acima da média de abril/2021 (R$ 108,34/saca de 50 kg), em termos nominais.
Segundo os dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) na primeira quinzena de abril/22, a região Centro-Sul processou 5,19 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, contra 15,67 milhões no mesmo período de 2021 (safra 2021/20220), expressiva diminuição de 66,87%.
A produção de açúcar, em linha com a diminuição de moagem, totalizou 126,63 mil toneladas, forte queda de 80%. Essa redução se deve ao menor número de unidades produtoras em operação neste início de safra. Nos primeiros 15 dias de abril, 85 unidades operaram, contra 149 unidades no mesmo período de 2021/2022.
NORDESTE
Os preços estiveram firmes em abril, mas o ritmo de negociação seguiu lento. Algumas usinas, cujos estoques de açúcar estiveram reduzidos, ficaram fora do mercado, reduzindo a oferta do adoçante, o que deu sustentação aos valores.
Segundo levantamento divulgado em abril pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área plantada com cana-de-açúcar no Nordeste e no Norte do País foi inferior à da safra passada. Porém, o clima favorável resultou em incremento na produtividade.
A produção final atingiu 51,1 milhões de toneladas nos estados nordestinos e de 3,86 milhões de toneladas nas áreas produtoras do Norte. Quanto aos preços, em abril/2022, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ para Pernambuco foi de R$ 154,14/sc de 50 kg, altas de 2,31% frente a março/2022 e de 34,91% em relação a abril/2021, em termos nominais.
Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 152,81/sc, elevações de 2,1% em relação a março/2022 e de 34,33% frente a abril/2021, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 152,65/sc, avanços de 0,25% em relação a março/2022 e de 38,76% frente a abril/2021.
INTERNACIONAL
As cotações do açúcar demerara subiram no balanço de abril, impulsionadas sobretudo pela valorização do petróleo. Além disso, apesar do início da moagem no Centro-Sul brasileiro, o volume do adoçante disponível ainda é baixo.
Porém, os valores do demerara chegaram a cair com certa força em alguns períodos do mês, influenciados por expectativas de aumento nos juros nos Estados Unidos e de que a Índia exporte volume recorde de açúcar – segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em torno de 8,7 milhões de toneladas.
Ainda de acordo com o USDA, na atual temporada mundial (2021/22), a produção da Tailândia se recuperou, somando entre 10 e 11 milhões de toneladas. Para o Brasil, o USDA estima produção de açúcar em 36,37 milhões de toneladas na atual safra 2022/23, aumento de 2,9%.
Cálculos do Cepea indicaram que, em abril, as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 18,62% a mais que as externas. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Maio/22 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 84,75/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 54,58/tonelada (Assessoria de Comunicação, 5/5/22)