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Ações da Petrobras desabam 13,6% nos EUA após troca no comando da estatal

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Falta amadurecimento do governo na articulação com demais acionistas, critica Amec.

Os investidores reagiram bem mal à nova troca no comando da Petrobras, determinada pelo governo Jair Bolsonaro (Foto) nesta segunda (23). Os papéis da petroleira desabaram nesta terça-feira (24) até 13,6% nos EUA e caíram até 3,06% no Brasil, após o governo anunciar a substituição do atual presidente, José Mauro Coelho, que havia tomado posse há apenas 39 dias.

Nos Estados Unidos, a baixa de 13,6% ocorreu nos ADRs (American Depositary Receipt) que correspondem aos papéis preferenciais; no caso dos ordinários, foi de 12,5%.

Na Bolsa brasileira, as ações preferenciais da petroleira caíram 3,06%, enquanto as ordinárias tiveram desvalorização de 2,96%. O índice amplo de ações Ibovespa encerrou a sessão em leve alta de 0,21%.

Coelho passou a sofrer fritura após a empresa anunciar um reajuste no preço do diesel, no começo de maio.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem criticado tanto os reajustes da empresa como o lucro trimestral de R$ 44,5 bilhões da Petrobras, que chamou de “estupro” neste mês.

Em nota sobre a troca anunciada na véspera, o governo afirma que o país vive um momento desafiador e que é preciso trabalhar por um “cenário equilibrado na área energética”. Bolsonaro deve indicar Caio Mário Paes de Andrade, secretário do ministro Paulo Guedes, para assumir a presidência da empresa.

ASSOCIAÇÃO DE INVESTIDORES DIZ QUE FALTA AMADURECIMENTO DO GOVERNO NA CONDUÇÃO DA ESTATAL

Segundo avaliação da Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais), a gestão de companhias com capital misto tem sido conduzida como uma política de extensão ministerial, onde a arbitrariedade na tomada de decisões tem prevalecido de forma incompatível com o relacionamento exigido em companhias listadas em Bolsa.

“Falta amadurecimento do sócio controlador na articulação com os demais acionistas e na escolha de nomes para os principais cargos executivos”, diz nota assinada pelo presidente da associação de investidores, Fábio Coelho.

 A Amec assinala ainda que a troca de executivos não guarda relação com o desempenho operacional e de gestão da empresa, “o que impressiona aqueles acostumados com melhores práticas de governança e com maturidade no relacionamento com o mercado.”

“A nota oficial divulgada pelo Ministério de Minas e Energia menciona que ‘o governo renova o seu compromisso de respeito a governança da empresa, mantendo a observância dos preceitos normativos e legais que regem a Petrobras’, o que soa como algo dissociado da realidade dos fatos”, aponta a associação.

Os analistas da Guide endossam em relatório que, apesar de esperada, a troca é ruim para a empresa, ao afetar novamente o quesito de governança corporativa, dada a interferência na estatal.

“Além disso, esperamos questionamentos por parte dos investidores sobre a capacidade do indicado para prosseguir com o plano estratégico que vinha sendo seguido pelos ex-presidentes”, dizem os analistas.

Já o time da XP diz que, embora a notícia seja negativa, pela avaliação de que tal rotatividade não é saudável para nenhuma empresa, a mudança não deve gerar mudanças na política de preços de combustíveis da Petrobras.

“Primeiro, porque ainda vemos a Lei das Estatais e o estatuto da Petrobras blindando a empresa de subsidiar combustíveis como no passado, independentemente de quem é o CEO. Em segundo lugar, o sr. Caio é fortemente ligado a Paulo Guedes, que não é a favor de mudanças na política de preços de combustíveis da Petrobras”, apontam os analistas da XP, acrescentando que, mesmo com o barulho político, mantêm a recomendação de compra para as ações da estatal.

“Acreditamos que essa notícia deve aumentar a volatilidade no papel. Entretanto, a empresa tem gerado em torno de 40% do seu valor de mercado em fluxo caixa. Ou seja, investidor da Petrobras poderia ter seu capital remunerado via dividendos em aproximadamente 3 a 4 anos”, dizem os analistas da Genial.

PRÓXIMOS PASSOS DA TROCA NO COMANDO DA PETROBRAS

  • Empresa convoca assembleia de acionistas para eleição de novo conselho, que deve ocorrer em um prazo mínimo de 30 dias após a convocação
  • Governo e minoritários apresentam seus candidatos a 8 das 11 vagas; 3 delas, eleitas por voto em separado, não precisam ser renovadas
  • Após a assembleia, já com nomes aprovados pelos acionistas, novo conselho de administração se reúne para nomear o presidente da empresa

SE QUISER MUDAR POLÍTICA DE PREÇOS

  • Não está claro como ou se o governo vai propor uma mudança formal na política de preços da companhia
  • Se isso ocorrer, analistas avaliam que pode ser necessária mudança no estatuto para derrubar restrições a operações com prejuízo por determinação do acionista controlador
  • A mudança no estatuto depende de aprovação também em assembleia dos acionistas (Folha de S.Paulo, 25/5/22)
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