Anúncio foi feito pela presidente da Comissão Europeia, Ursuoa voj der Leyen, após encontro com Lula em Brasília; Bloco vai investir 430 milhões de euros no combate ao desmatamento.
A União Europeia investirá 2 bilhões de euros (R$ 10,5 bilhões) na produção de hidrogênio verde no Brasil, como parte dos planos do bloco europeu de buscar reduzir a dependência e o uso de combustíveis fósseis, e fará uma doação inicial de 20 milhões de euros (R$ 105 milhões) ao Fundo Amazônia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a contribuição nesta segunda-feira, 12, no Palácio do Planalto.
“A Europa vai investir 2 bilhões de euros para apoiar a produção brasileira de hidrogênio verde, promovendo a eficiência energética na sua indústria”, afirmou ela, após audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Queremos contribuir com 20 milhões de euros para o Fundo Amazônia. Claro que os Estados-membros também irão contribuir”, completou.
Segundo a presidente da Comissão Europeia, o investimento na produção do hidrogênio verde brasileiro será um “carro-chefe” do plano europeu chamado Global Gateway. A União Europeia e o Brasil firmaram ainda uma parceria para suprir a demanda por matérias-primas críticas, usadas no processo de transição energética.
O montante de 2 bilhões de euros refere-se somente a investimentos vindos do setor público. Atualmente, há 20 iniciativas em andamento, entre entes governamentais europeus, de um lado, e os setores público e privado brasileiros, de outro.
Do total, empréstimos concedidos por bancos de desenvolvimento da União Europeia (como a AFD, BEI e KfW, por exemplo) somam 1,93 bilhão de euros. Doações para projetos de cooperação técnica totalizam 68,7 milhões de euros.
Os parceiros nacionais são também bancos de desenvolvimento, bancos privados, pequenas e médias empresas, ministérios e outros órgãos públicos.
Ursula von der Leyen reconheceu a “enorme responsabilidade” do governo Lula em deter o desmatamento na floresta amazônica. Ela disse que o continente europeu pretende apoiar o Brasil com um projeto de 430 milhões de euros, que inclui, além do combate ao desmatamento, a promoção de uso sustentável da terra na floresta amazônica.
O Brasil já havia assumido compromisso de zerar o desmate ilegal até 2030, que a líder europeia chamou de uma “excelente notícia” para o mundo. Lula ratificou a meta e anunciou a retomada de um plano de ação na semana passada.
A doação ao Fundo Amazônia em nome da União Europeia vinha sendo estudada ao menos desde fevereiro, quando a chanceler da França, Catherine Colonna, visitou Brasília e disse que seu país também planeja injetar dinheiro no fundo, individualmente.
Desde que Lula assumiu a Presidência da República, a União Europeia passou a ser o terceiro novo doador do Fundo Amazônia. O valor, porém, é o menor anunciado neste ano. Os Estados Unidos prometeram aporte de 500 milhões de dólares, enquanto o Reino Unido vai doar 80 milhões de libras esterlinas.
Até então, o Fundo Amazônia havia arrecadado R$ 3,3 bilhões. As maiores contribuições vieram da Noruega e da Alemanha, além de uma parcela da Petrobras. Lula quer usar a cúpula dos países do Tratado de Cooperação Amazônica para levantar mais recursos e planeja trazer presidentes de países europeus como convidados, a exemplo da França e da Irlanda.
Ao anunciar os investimentos, a presidente da Comissão Europeia afirmou que o bloco pretende investir 10 bilhões de euros na América Latina e no Caribe, uma resposta à crescente presença da China nas Américas, sobretudo com financiamento de obras de infraestrutura. Segundo ela, a União Europeia quer elevar a parceria estratégia com a América Latina por meio de investimentos concretos. O investimento de 10 bilhões de euros do plano Global Gateway, segundo ela, é somente o começo e será complementado por recursos de entes privados e dos 27 países individualmente.
Parafraseando o slogan da política externa de Lula — “O Brasil está de volta” —, a Ursula von der Leyen disse que o presidente brasileiro de fato trouxe o País para o patamar que pertence, de liderança democrática internacional. “A Europa também voltou, voltou ao Brasil e à América Latina. Nossas regiões não são apenas parceiros naturais, mas por opção”, disse (Estadão, 13/6/23)