O Produto Interno Bruto da agropecuária do Brasil deverá crescer 10,5% em 2023, estimou nesta quinta-feira (1º) a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ao revisar para cima a projeção do ano após um aumento acima do esperado do PIB no primeiro trimestre.
Caso a previsão da CNA se confirme, o avanço anual do PIB da agropecuária do país poderá ser o maior registrado desde 2017, quando subiu 14,2%, conforme dados do governo.
“Nós estimamos que o PIB brasileiro deve crescer 1,2% ao longo de 2023, e para a atividade agropecuária algo como 10,5% ao longo de 2023. Ou seja, é a atividade agropecuária trazendo bons resultados ao PIB brasileiro”, afirmou Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da CNA, em vídeo distribuído pela confederação.
A agropecuária cresceu 21,6% nos primeiros três meses do ano ante o trimestre anterior e avançou 18,8% na comparação com o mesmo período de 2022, segundo dados do IBGE divulgados nesta quinta-feira, com impulso principalmente da safra de soja, que foi recorde, mas também sob influência de produtos como o milho (primeira safra), cana e café, disse Conchon.
A safra brasileira de soja cresceu 23,3% neste ano, para 154,8 milhões de toneladas, segundo dados da estatal Conab.
Antes da divulgação do IBGE, a projeção da CNA era de alta de 1% para o PIB do Brasil e de 9,3% para o setor agropecuária, em 2023.
Para os próximos trimestres, a colheita da segunda safra de milho, que responde por cerca 75% da produção total do cereal no país, vai ajudar a sustentar a alta do PIB agropecuário, acrescentou Conchon.
As previsões para a colheita brasileira de milho vêm sendo revisadas para cima, conforme consultorias privadas, com o clima favorecendo um ciclo marcado também por aumento de área plantada.
Nesta quinta-feira, a StoneX estimou a produção total do cereal em máxima histórica de 133,75 milhões de toneladas, com a segunda safra respondendo por 102,9 milhões de toneladas.
“Em relação ao desenvolvimento de outras culturas que têm importância para o resultado do PIB agropecuário, por exemplo, (há) o milho safrinha. Tudo indica que a expectativa é muito boa, vai ter bons resultados em todo o Brasil”, disse Conchon.
O único risco são as geadas para as lavouras mais tardias, mas não há previsões no horizonte.
O especialista ainda chamou a atenção para um aumento da participação do PIB agropecuário no PIB nacional.
No primeiro trimestre, o campo representou cerca de 10% do Produto Interno Bruto do Brasil, quase o dobro da fatia registrada dez anos atrás, ressaltou o especialista.
O IBGE não inclui dentro do indicador agropecuário as agroindústrias, indústrias de insumos, entre outras ligadas ao setor.
Quando isso acontece, o chamado agronegócio tem representado aproximadamente 25% do PIB nacional.
Quando a atividade “dentro da porteira” (agropecuária) vai bem, outras indústrias tendem a sentir reflexos positivos (Folha de S.Paulo, 2/6/23)