Os fertilizantes que têm sido importados pelo Brasil em grande parte da Rússia devem garantir oferta de insumos para o plantio de grãos do Brasil na safra 2022/23, que se inicia em setembro, disse hoje (7) o ministro da Agricultura, Marcos Montes.
Ele concordou que, no que diz respeito à oferta de adubos, a próxima safra estaria salva.
Segundo Montes, a continuidade das entregas de lotes de insumos da Rússia, maior fornecedor aos brasileiros em 2022, é fruto de um forte trabalho do governo junto ao país do leste europeu.
O governo realizou missões à Rússia, e o presidente Jair Bolsonaro teve encontro com seu colega Vladimir Putin, antes da guerra.
As chegadas das matérias-primas de adubos têm ocorrido apesar de preocupações sobre sanções globais aos russos, diante da guerra na Ucrânia.
Questionado por jornalistas em evento em Campinas se a safra de grãos do Brasil estaria salva devido à oferta de fertilizantes, Montes afirmou que “de acordo com as informações que temos, sim”.
“Agora há pouco conversei com o CEO da Mosaic e ele me disse isso, que o Brasil saiu à frente dos demais países (na importação de fertilizantes)”, disse ele durante evento em Campinas (SP) promovido pela Syngenta.
No acumulado de janeiro a maio, a aquisição de fertilizantes do país alcançou 16,64 milhões de toneladas, aumento de 16,5% ante o volume adquirido em igual período de 2021, conforme dados da agência marítima Cargonave. Do total, a Rússia foi líder nas vendas ao Brasil e forneceu 3,06 milhões de toneladas, seguida pela China, com 1,7 milhão de toneladas.
Em maio, os desembarques totais de fertilizantes no Brasil, que importa mais de 85% de suas necessidades, ficaram em 3,36 milhões de toneladas, cerca de 15 mil toneladas acima do mesmo período de 2021.
Plano Safra
Em relação ao novo Plano Safra, que será anunciado neste mês, o ministro reafirmou que está otimista e trabalha para a destinação de pelo menos R$ 22 bilhões de recursos do Tesouro Nacional para equalização de juros em 2022/2023, um nível próximo do que pede o setor agropecuário.
“Trabalho com número de R$ 20 bilhões a R$ 22 bilhões … abaixo disso acho pouco, é insuficiente”, afirmou Montes, ressaltando que é preciso ter responsabilidade para conseguir atender as necessidades do setor.
No mês passado, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) disse que a principal demanda para o novo Plano Safra era um aumento de 67,8% no montante de recursos que o Tesouro destina para juros subsidiados.
Isso elevaria o orçamento para a chamada equalização de juros de R$ 13 bilhões no plano 2021/22 para R$ 21,8 bilhões em 2022/23, algo visto como importante pela CNA em meio a aumento de custos de produção e após perdas na última safra de soja e milho verão pela seca (Reuters, 7/6/22)