Descontente com preços da estatal, presidente da República demitiu José Mauro Coelho e quer emplacar rapidamente Caio Mário Paes de Andrade para o lugar.
O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, afirma que não pedirá demissão do cargo e que vai aguardar a convocação de uma assembleia de acionistas, a única que tem o poder de retirá-lo do comando da estatal.
De acordo com fontes ouvidas pela coluna, Mauro Coelho está sendo pressionado por diversos agentes a sair imediatamente do posto, facilitando a vida do presidente Jair Bolsonaro, que indicou Caio Mário Paes de Andrade para o lugar.
Há cerca de uma semana, Bolsonaro decidiu demitir o atual presidente e trocar a quase totalidade do conselho de administração da empresa.
O processo para que a troca se confirme, no entanto, é complexo e pode durar até 60 dias, segundo integrantes da empresa.
Caso Coelho renunciasse agora, o caminho estaria aberto e tudo poderia ser resolvido em cerca de uma semana. Bastaria reunir o atual conselho e eleger o indicado por Bolsonaro para assumir a empresa.
Questionado, o atual presidente da Petrobras afirmou, por meio de sua assessoria, que não está sofrendo pressão para deixar o cargo. E afirmou que permanecerá no comando da estatal até que uma eleição seja realizada dentro dos trâmites de governança da estatal.
“Temos a responsabilidade de dar continuidade às operações e à gestão da empresa, e aguardamos que o processo de transição seja feito por meio da Assembleia de Acionistas, obedecendo à governança e às regras institucionais da empresa”, disse ele.
O governo Bolsonaro tem pressa, já que pretende alterar a política de preços de combustíveis da estatal, o que a atual diretoria não está disposta a fazer. A alta de combustíveis pressiona a inflação e, na avaliação do governo, corrói a popularidade do presidente.
Bolsonaro tem atacado a gestão da Petrobras e promove agora a terceira troca de presidente da estatal.
Depois do escândalo da Operação Lava Jato, no entanto, as regras de governança da companhia foram alteradas para impedir a interferência política em seu comando, o que torna a troca mais lenta e complexa do que o governo gostaria.
Em primeiro lugar, os nomes indicados pelo governo para o novo conselho terão que passar pelo crivo de um comitê.
Depois disso, será preciso realizar uma assembleia extraordinária de acionistas para aprovar o novo colegiado.
Os trâmites de governança para que ela finalmente ocorra podem demorar até dois meses.
É preciso, por exemplo, divulgar a convocação internacionalmente, além de organizar a eleição do novo conselho, por meio eletrônico e também, no caso dos EUA, por envio de votos pelo correio (Folha de S.Pauo, 2/6/22)Presidente da Petrobras diz que não renuncia e Bolsonaro terá que esperar