O Brasil tem mantido o fluxo de importação de cargas russas de fertilizantes. Em maio, 1,073 milhão de toneladas do produto chegaram ao Brasil, conforme os dados mais recentes do Comextat (serviço de estatísticas de comércio exterior do Brasil) da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, com desembolso de US$ 881,1 milhões.
O volume foi 78% superior ao reportado em igual mês do ano passado, de 602,617 mil toneladas. Os números de maio eram aguardados pelo mercado, que a partir deles esperava mensurar como está o fluxo de adubos russos ao País em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia e se há comprometimento de cargas.
Nos primeiros cinco meses do ano, o Brasil recebeu 3,484 milhões de toneladas de fertilizantes russos (6% mais na comparação anual) com desembolso de US$ 2,512 bilhões. O produto russo representou 23% de um total importado pelo País de 15,223 milhões de toneladas.
Do montante internalizado da Rússia no ano, 1,524 milhão de toneladas foram de fertilizantes potássicos, 584,438 mil toneladas de nitrogenados e 1,376 milhão de toneladas de adubos contendo dois ou três nutrientes do complexo NPK (nitrogênio, fósforo e potássio).
Para analistas de mercado, os volumes internalizados até o momento mostram a continuidade dos embarques ao País mesmo com a guerra no Leste Europeu. Analistas consideram que o fluxo está praticamente normalizado, após interrupções pontuais nos embarques logo que a guerra começou.
Entretanto, a maior parte do volume importado em maio ainda se refere a contratos fechados antes da guerra, pois estima-se que as cargas levam cerca de 60 dias da saída da Rússia até o desembaraço nos portos brasileiros. Há pequeno volume, porém, comprado após a eclosão da guerra, quando importadores aceleraram aquisições na tentativa de garantir a disponibilidade dos nutrientes, com novas remessas saindo da Rússia em meio ao conflito.
“Até maio, a chegada de adubos russos foi representativa, principalmente, com navios saindo antes da guerra. Provavelmente, vamos observar menor volume importado tanto de Belarus quanto da Rússia a partir de junho”, observa a analista de fertilizantes do Itaú BBA, Annelise Izumi.
O crescimento no volume importado é atribuído por analistas à antecipação das compras e das entregas, com produtores receosos quanto à escassez dos produtos no segundo semestre deste ano. A maior parcela do volume embarcado no mês deve ser aplicada na safra de verão 2022/23, plantada a partir de setembro no Brasil, e outra parte nas culturas perenes.
O prejuízo ao abastecimento de adubo no Brasil era uma das principais preocupações do setor produtivo nacional desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, em 24 de fevereiro deste ano. A Rússia é o principal fornecedor destes insumos ao Brasil, respondendo por 22% do total importado anualmente pelo País, de aproximadamente 9 milhões de toneladas (Broadcast, 20/6/22)