O país é o terceiro maior produtor de milho do mundo, mas ainda destina apenas 10% dos grãos para a produção de etanol.
O Brasil já exportou de janeiro a maio um volume quase superior ao registrado em todo o ano passado de farelo de milho (também chamado de DDGs), o que indica que os embarques vão ser maiores em 2023 e seguir crescentes em um futuro próximo, à medida que mais usinas de etanol a partir do cereal entram em operação ou expandem a produção, disseram integrantes do setor e do governo.
Os DDGs, sigla em inglês para grãos secos por destilação, ou DDGSs (com solúveis), são um tipo de farelo bastante comum nos Estados Unidos, maior produtor global de etanol com base no processamento de milho.
Esse coproduto do esmagamento do cereal encontra boa demanda em fabricantes de ração para alimentar criações da indústria de carne, podendo assumir até 25% do faturamento de uma usina de biocombustível, segundo a Unem (União Nacional do Etanol de Milho). E tem grande potencial no Brasil, terceiro maior produtor de milho do mundo, mas que destina ainda apenas 10% dos grãos para a produção de etanol.
A Unem estimou à Reuters que as exportações desses farelos de milho deverão aumentar 34% em receita de 2023 para 2025. No acumulado deste ano, até maio, o faturamento com os embarques soma US$ 82 milhões, já perto dos US$ 91 milhões de 2022.
A projeção foi feita após a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e a Unem realizarem na segunda-feira (10) o evento de lançamento do Projeto Setorial de Promoção das Exportações de Farelo de Milho DDG/DDGS 2023-2025. Os envolvidos no projeto não divulgaram projeções para exportações totais em 2023.
“Esta parceria é muito emblemática para um setor novo, que se organiza para uma agenda de promoção, fomento e comércio internacional que vai gerar valor a toda uma cadeia de negócios, desde a produção de grão, proteínas e floresta plantada até a geração de renda e arrecadação de impostos”, disse o presidente-executivo da Unem, Guilherme Nolasco, em nota.
O projeto faz parte da estratégia do Brasil de promover o etanol como alternativa energética, de agregar valor às exportações do agronegócio e aumentar a oferta de farelo de milho para produção de proteína animal.
Enquanto isso, os negócios do coproduto, ainda que o mercado seja relativamente novo para as usinas de etanol de milho, estão crescentes. O volume exportado somou 251,4 mil toneladas de janeiro a maio, versus 278,7 mil toneladas em todo o ano de 2022, conforme dados citados pela Unem, tendo como principais destinos Vietnã, Nova Zelândia, Espanha, Egito, entre outros.
No Brasil, a utilização deste farelo na indústria pecuária é relativamente recente, tendo começado em 2010.
“Os bons resultados, contudo, fizeram com que o produto fosse cada vez mais inserido na pecuária, adensando significativamente as cadeias produtivas”, disse a Unem.
Atualmente, o país possui 20 usinas de etanol de milho (sendo 11 flex, que processam milho e cana) em operação e outras 9 usinas com autorização para construção, com a maioia dos empreendimentos em Mato Grosso, maior produtor de grãos e oleaginosas do Brasil.
A produção desses farelos de milho deverá aumentar de 2,3 milhões de toneladas em 2022/23 para 2,9 milhões de toneladas em 2023/24, conforme a associação.
A produção de etanol de milho tem crescido mais fortemente no Brasil do que o de biocombustível de cana, com um salto esperado de mais de 40%, para 5,6 bilhões de litros, segundo dado da estatal Conab (Reuters, 11/7/2)