Confira as notícias do Agronegócio no Paraná

Amazônia e Cerrado registram em junho maior número de queimadas desde 2007

Patrocinadores

Resultados são preocupantes porque auge do período de estiagem na região Norte do País ainda não chegou.

Lula durante discurso no Global Citizen, em Paris presidente fez críticas ao agronegócio brasileiro ao falar do desmatamento na Amazônia. Foto Mohammed Badra-EFE

Os 30 dias de junho tiveram o maior número de queimadas registradas para o mês, na Amazônia e no Cerrado, nos últimos 16 anos, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).Foram 3.075 focos de incêndio na Floresta Amazônica, número que só é menor do que os 3.519 contabilizados no mesmo mês de 2007. No ano passado, foram 2.562.

Incêndio florestal em área da Floresta Amazônica, em Rondônia. Foto Bruno Kelly-REUTERS – 10.09.2019

 O primeiro semestre deste ano também apresentou aumento em relação ao mesmo período do ano passado. Ao todo, foram 8.344 registros ante 7.533, em 2022, crescimento de 10% no bioma.

 Os dados do Programa Queimadas, do Inpe, órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, já haviam mostrado que o primeiro semestre de 2022 teve um aumento de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desta vez, apesar do novo crescimento, há uma desaceleração da escalada dos focos de incêndio.

O Cerrado brasileiro também apresentou aumento em junho, mas menor do que o crescimento na Amazônia. Em 2022, haviam sido 4.239 focos de incêndio no segundo maior bioma do Brasil e savana com a maior biodiversidade do mundo. No mesmo mês deste ano foram 4.472 ocorrências, crescimento de 5%.

Os dados para o mês só não são maiores do que os registrados em 2007, quando 7051 focos de incêndio foram contabilizados no bioma pelo Inpe.

Os resultados deste ano também são preocupantes porque o auge do período de estiagem na região Norte do País ainda não chegou. Além disso, a previsão de especialistas é que o número de incêndios florestais cresça ainda mais com a atuação do El Niño.

No início deste mês, a Administração Nacional de Atmosferas e Oceanos (NOAA, na sigla em inglês) lançou um alerta anunciando a formação do fenômeno. “Dependendo de sua força, o El Niño pode causar uma série de impactos, como aumentar o risco de chuvas fortes e secas em determinados locais do mundo”, disse Michelle L’Heureux, cientista do clima do Climate Prediction Center.

O fenômeno climático natural, que ocorre com intervalos de dois a sete anos, se caracteriza pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico na região do Equador. Isso causa a interrupção dos padrões de circulação das correntes marítimas e massas de ar, o que leva a consequências distintas ao redor do mundo. Para a Amazônia, a seca é uma das consequências que favorecem o aumento do número de incêndios.

Existe a possibilidade de 2023 bater um novo recorde de ano mais quente dos registros, com temperaturas superiores às registradas em 1998 e 2016, anos especialmente quentes. A combinação do fenômeno climático especialmente intenso com a aceleração dos efeitos do aquecimento global seria responsável pelo recorde.

Maio deste ano pode ter sido uma antecipação do que virá. O mês foi classificado como o terceiro maio mais quente já registrado, de acordo com cientistas dos Centros Nacionais de Informações Ambientais da NOAA. Tanto a América do Norte quanto a América do Sul tiveram seus maios mais quentes já registrados.

Os custos econômicos do El Niño neste século chegarão a U$ 84 trilhões (R$ 413 trilhões), mesmo que as promessas de corte de emissões de gases do efeito estufa sejam cumpridas. Até 2029, o fenômeno deve causar perdas de até US$ 3 trilhões (R$14.7 trilhões). As estimativas fazem parte de estudo na revista Science e excedem em muito as perdas calculadas por pesquisas anteriores. Países tropicais, como o Brasil, podem ter danos maiores.

Durante os últimos três anos o, a La Niña vigorou no clima do planeta e causou efeitos opostos. Para a floresta, o aumento da umidade -resultado direto do fenômeno- age como uma proteção contra o avanço do fogo.

Metas

No mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva associou produtores de grãos, como soja e milho, e de gado ao desmatamento de matas nativas do Brasil, em discurso na França. A líderes internacionais, Lula afirmou que sua meta de zerar a derrubada de árvores até 2030 virou uma “questão de honra”.

“A questão climática não é uma coisa secundária, por isso o Brasil vai levar a cabo o controle do desmatamento. Por isso vamos colocar como questão de honra e até 2030 a gente acabar com o desmatamento na Amazônia. O Brasil tem 30 milhões de hectares de terras degradadas, não precisa cortar uma árvore para plantar um pé de soja, de milho ou criar gado. É só recuperar as terras degradadas”, disse o presidente, ao discursar na cúpula do Novo Pacto Financeiro Global.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, o aumento nos focos e incêndios no mês de junho na Amazônia e no Cerrado é resultado do acúmulo de material orgânico derrubado no ano passado, seco e que agora encontra as condições climáticas favoráveis ao fogo. De agosto a dezembro de 2022, os focos de desmatamento na Amazônia, medidos pelo Deter, do Inpe, aumentara 54% em relação a 2021, diz a pasta. A derrubada da floresta deixa para trás material combustível para os incêndios.

Neste ano, os alertas de desmatamento caíram 31% na Amazônia e aumentaram 35% no Cerrado de janeiro a maio em relação ao mesmo período de 2022, segundo dados do Deter (Estadão, 4/7/23)

Compartilhar:

Artigos Relacionados

Central de Atendimento

Contato: André Bacarin

    Acesse o mapa para ver nossa localização