Os preços do açúcar caíram no spot do estado de São Paulo em junho. A queda esteve atrelada à flexibilidade por parte de algumas usinas, que baixaram os valores de suas ofertas, em especial para o cristal Icumsa 180, açúcar com maior volume disponível para as negociações no spot. A oferta do açúcar cristal Icumsa 150, por sua vez, esteve mais restrita, e os preços, firmes.
Pelo lado das compras, inflação e juros elevados desestimularam as indústrias, uma vez que as aquisições no varejo se retraíram e o custo de carregar estoques aumentou. Somente na última semana do mês que os preços médios do açúcar cristal negociados no mercado spot do estado de São Paulo reagiram.
No acumulado de junho, o Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) teve baixa de 2,95%, fechando a R$ 127,06/saca de 50 kg no dia 30. A média mensal foi de R$ 127,87/saca de 50 kg, 3,04% inferior à de maio (R$ 131,88/saca de 50 kg).
Em decorrência da queda dos preços desde abril deste ano (início oficial da safra 2022/23), a média de junho/22 já é mais baixa que a de junho/21, que foi R$ 128,49/saca de 50 kg, em termos reais – valores corrigidos pelo IGP-DI, base maio/22.
Segundo a Unica, a moagem de cana-de-açúcar na primeira quinzena de junho na região Centro-Sul atingiu 38,60 milhões de toneladas, avanço de 5,76% em relação ao mesmo período de 2021. No acumulado da safra, a moagem soma 145,72 milhões de toneladas, contra 166,94 milhões de toneladas registradas no mesmo período do ano passado, ou seja, diminuição de 12,71%. A produção de açúcar nos primeiros 15 dias de junho totalizou 2,14 milhões de toneladas (-3,81%).
No acumulado desde o início da safra 2022/2023, a produção de açúcar nos estados do Centro-Sul soma 7,19 milhões de toneladas, retração de 23,64% frente às 9,42 milhões de toneladas do ciclo anterior.
NORDESTE
Em período de entressafra, poucas foram as usinas negociando açúcar no mercado spot em junho, uma vez que várias já encerraram seus estoques e aguardam a nova safra, com início em setembro/22. Apesar do ritmo lento nas negociações com o produto ter prevalecido ao longo de junho, na última semana, a demanda esteve um pouco mais aquecida. Em junho/2022, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ para Pernambuco foi de R$ 154,54/sc de 50 kg, altas de 0,57 % frente a maio/2022 e de 19,60% em relação a junho/2021, em termos nominais.
Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 151,57/sc, queda de 0,65% em relação a maio/2022, mas elevação de 18,40% frente a junho/2021, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 151,99 /sc, queda de 0,12% em relação a maio/2022 e aumento de 18,63% frente a junho/2021.
INTERNACIONAL
As cotações do demerara caíram em junho, devido principalmente às incertezas relacionadas à mudança tributária no mercado de combustíveis brasileiro. A medida pode resultar em queda nos preços tanto da gasolina como do etanol no varejo e desestimular, portanto, a produção de etanol. A forte valorização do dólar também influenciou as quedas externas, à medida que estimula as exportações brasileiras de açúcar.
A produção de açúcar na Índia deve alcançar um recorde de 36 milhões de toneladas nesta temporada mundial 2021/22, segundo a Associação Indiana das Usinas de Açúcar (Isma). Esse aumento deve pressionar as exportações indianas para volumes superiores ao limite imposto, a princípio, pelo governo do país, de 10 milhões de toneladas para assegurar o atendimento à demanda doméstica.
Cálculos do Cepea indicaram que em junho/2022, as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 5,87% a mais que as externas. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Julho/22 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 80,68/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 50,85/tonelada (Assessoria de Comunicação. 6/7/22)
