Analistas afirmam que empresa precisa rever sua alocação de capital e seu crescimento.
A Raízen precisa “voltar ao básico” e rever sua alocação de capital e seu crescimento, na avaliação do BTG, em relatório divulgado nesta segunda-feira (20/1).
No documento, assinado pelos analistas Thiago Duarte, Guilherme Gutilla, Pedro Soares, Henrique Pérez e Gustavo Fabris, banco avalia que o sentimento do mercado só deve melhorar “quando os investidores vislumbrarem a tão necessária desalavancagem do balanço, a rotação de ativos do portfólio e os impactos das mudanças internas”.
Entre os ativos que se espera que haja alguma realocação estão os de etanol de segunda geração (E2G). Os analistas do BTG observaram que mesmo o E2G, que já foi o “principal direcionador de crescimento da Raízen, agora está sendo reconsiderado”.
Os números de prévia operacional do terceiro trimestre, divulgados na sexta-feira à noite, indicaram que o resultado financeiro veio pior que o esperado.
Os preços de venda do açúcar, por exemplo, que ficaram em R$ 2.500 a tonelada, deve ter sido impactado negativamente pelos volumes da commodity comercializada de terceiros, segundo os analistas. O BTG deve revisar para baixo suas projeções de resultado da Raízen para esta safra 2024/25 (Globo Rural, 20/1/25)
Raízen: Queda de 27% na moagem de cana e suspensa previsão de resultados
Companhia processou 13,8 milhões de toneladas de cana no terceiro trimestre da safra; um ano antes, volume alcançara 18,8 milhões de toneladas.
A Raízen teve uma queda de 27% em sua moagem de cana-de-açúcarno terceiro trimestre da safra 2024/25 (de outubro a dezembro) em relação ao mesmo período da temporada passada, o que afetou os volumes vendidos no período.
Diante do mau desempenho, a companhia decidiu interromper a divulgação de suas projeções de resultado operacional e financeiro para esta safra.
Em sua prévia operacional do último trimestre, divulgada na sexta-feira à noite (17), a companhia informou que processou 13,8 milhões de toneladas de cana no período, em comparação com 18,8 milhões de toneladas um ano antes. A redução foi provocada pela forte estiagem e pelos incêndios, que prejudicaram a produtividade, além de questões sazonais.
No acumulado da safra 2024/25, a moagem da Raízen somou 77,5 milhões de toneladas, quase 7% abaixo das 83,2 milhões de toneladas de igual período da temporada 2023/24.
No terceiro trimestre, o rendimento agrícola caiu 13% na comparação anual, para 67 toneladas por hectare. Apesar do aumento da concentração de sacarose na cana, piorou a capacidade de conversão industrial do Açúcar Total Recuperável (ATR) em açúcar. Com isso, a produção de açúcar equivalente do trimestre recuou pelo menos 21,8%, para 1,9 milhão de toneladas na perspectiva mais positiva, ou para 1,8 milhão de toneladas na perspectiva mais negativa. Os dados não foram auditados.
Vendas
Como resultado, o volume de açúcar próprio vendido caiu 10%, para 1,168 milhão de toneladas, assim como os preços executados também foram menores, com queda estimada entre 6,2% (para R$ 2.550 a tonelada) e 11,8% (para R$ 2.400 a tonelada).
Já a venda de etanol próprio aumentou, já que a produção do período também foi mais alcooleira, diante da dificuldade de conversão do caldo em açúcar. O volume vendido cresceu 21,4%, para 895 milhões de litros, também como reflexo de um melhor momento de preços.
O valor médio de venda do biocombustível ficou entre R$ 2.800 e R$ 2.950 o metro cúbico, ante R$ 2.599 um ano antes. A alta do preço executado foi resultado da maior participação da comercialização de etanol de terceiros.
A produção de etanol celulósico teve recuperação após a parada para manutenção da planta de Bonfim. A produção de E2G do trimestre mais do que dobrou na comparação anual, para 1,5 milhão de litros.
Em energia cogerada do bagaço de cana, o resultado também foi afetado pelas condições climáticas. O volume de energia própria comercializada caiu 21,7%, para 443 ml megawatts-hora (MWh). Já o preço executado subiu de R$ 256 o MWh para um valor entre R$ 270 o MWh e R$ 320 o MWh, refletindo a alta do PLD.
Mobilidade
No negócio de mobilidade (distribuição), o volume de combustíveis comercializado no Brasil caiu de 7,132 bilhões de litros para algo entre 6,8 bilhões e 6,9 bilhões de litros. No negócio Latam (Argentina e Paraguai), o volume subiu de 1,886 bilhão de litros para algo entre 1,9 bilhão e 2 bilhões de litros (Globo Rural, 17/1/25)