Com aumento da mistura no Brasil, cenário é favorável para a empresa em 2024.
Líder em vendas de biodiesel no Brasil, a Be8, que faz parte da holding ECB, controlada pelo empresário Erasmo Carlos Battistella, ampliou a produção em 2023, e traça um cenário favorável aos negócios neste ano. Graças ao aumento do percentual de mistura do biocombustível no diesel fóssil comercializado no país, a expectativa é de novo incremento da oferta para atender à demanda doméstica e também a de outras fronteiras, como Europa e Estados Unidos.
Em 2022, a produção da Be8 alcançou 890 mil metros cúbicos. No ano passado, com o aumento da mistura de 10% para 12%, a partir de abril, o volume ficou mais próximo de 1 milhão de metros cúbicos, segundo Battistella. Os resultados de 2023 ainda não estão fechados, mas o faturamento foi inferior aos R$ 9,6 bilhões do ano anterior, por causa da queda dos preços da soja, principal matéria-prima para a fabricação de biodiesel no Brasil.
Com a recente decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de elevar a mistura para 14% a partir de março, a tendência é que a produção da Be8 ao menos acompanhe a demanda interna extra que será criada, mas a expansão das exportações poderá gerar um salto maior. Em 2023, os embarques da companhia atingiram 85 mil metros cúbicos, 57% mais que em 2022 e maior marca até agora, com destaque para o início das vendas aos Estados Unidos, nas quais a companhia foi pioneira após conquistar certificado da EPA, a agência ambiental americana.
Ao mesmo tempo em que participa das discussões em torno da regulamentação das importações de biodiesel pelo Brasil, que foram suspensas para a realização de novos estudos sobre suas consequências para a indústria brasileira, Battistella cobra esforços do governo para a abertura de novos mercados para o biocombustível no exterior. A Europa é um destino importante para os embarques da Be8 no exterior, e a empresa já conta, na Suíça, com uma trading e uma fábrica.
“Temos que aprofundar as discussões sobre as exportações brasileiras de biocombustíveis como um todo”, afirmou ele ao IM Business antes de embarcar, no sábado, para participar do Fórum Econômico Mundial de Davos, também na Suíça, que começou nesta segunda-feira e vai terminar no dia 19. Na bagagem, como não poderia deixar de ser, o empresário levou novos argumentos em defesa do papel do biodiesel para a transição energética global.
Enquanto navega em águas mais favoráveis, a Be8 toca projetos de mais de R$ 2 bilhões no Brasil e de US$ 1 bilhão no Paraguai. Por aqui, a empresa vai construir uma esmagadora de soja em Marialva, no Paraná, e uma usina de produção de etanol a partir de cereais em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. No país vizinho, onde tem uma esmagadora e uma fábrica de biodiesel, os aportes são para a produção de biocombustíveis avançados como o SAF, para aviação.
“A melhora do cenário econômico no Brasil, com o início da redução da taxa básica de juros, fortalece ainda mais nossos planos. Estamos investindo com recursos próprios, mas também vamos ao mercado de capitais e queremos acessar linhas de inovação do BNDES, que está de olho na transição energética e com quem já estamos dialogando”, disse Battistella.
Questionado sobre a quebra da safra de soja em Mato Grosso, em decorrência de problemas climáticos, o empresário afirmou não estar preocupado. Ele acredita que não faltará matéria-prima para a produção de biodiesel no Brasil porque a colheita vai se recuperar na região Sul, na Argentina e no Paraguai, que no ano passado tiveram problemas com o La Niña (InfoMoney, 17/1/24)