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Balança comercial fecha 2023 com superávit recorde de US$ 98,8 bilhões

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Saldo cresceu 60,6% em comparação com a cifra de 2022, de US$ 61,5 bilhões.

balança comercial brasileira encerrou 2023 com superávit recorde de US$ 98,8 bilhões, ultrapassando com folga o saldo do ano anterior, quando as exportações superaram as importações em US$ 61,5 bilhões.

O dado foi informado nesta sexta-feira (5) pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior), ligada ao Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).

O superávit de US$ 98,8 bilhões ficou US$ 5,8 bilhões acima da previsão feita pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em outubro, quando era esperado um saldo positivo de US$ 93 bilhões.

O número já tinha sido revisado para cima ao longo do ano. Na primeira previsão, a Secex projetava um superávit de US$ 85,3 bilhões no ano de 2023. Isso representa um desvio de 15,8% entre a primeira estimativa e o dado realizado.

O saldo fechado do ano passado representa um aumento de 60,6% em comparação com a cifra de 2022. A marca de US$ 61,5 bilhões já havia sido superada em agosto de 2023 no acumulado em oito meses.

O vice-presidente e ministro do Mdic, Geraldo Alckmin, afirmou que o saldo da balança comercial “extremamente expressivo” ajuda nas reservas internacionais do país e na economia brasileira.

“Mesmo com queda de preços de commodities e menor crescimento da economia mundial, o Brasil avançou 8,7% no volume das exportações e 1,7% no valor das exportações. Tivemos uma expansão 10 vezes maior que a média mundial [no volume de exportações]”, afirmou.

A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, mencionou outros impactos positivos para o Brasil. “Nosso saldo comercial robusto contribui para as contas externas, para a confiança na nossa economia, para aumentar a oferta de dólares e manter o real forte. Contribui para conter pressões inflacionárias, melhorar o poder de compra e contribui para nossas reservas internacionais”, disse.

De acordo com o governo, em 2023, as exportações do país somaram US$ 339,7 bilhões. Houve crescimento de 1,7% em relação ao ano anterior, superando o recorde de US$ 334,1 bilhões de 2022.

Já as importações totalizaram US$ 240,8 bilhões, ante US$ 272,6 bilhões em 2022. Isso significa uma redução de 11,7% em relação ao ano anterior. Foi o terceiro maior valor para as importações.

Durante a abertura da apresentação do resultado da balança comercial brasileira, Alckmin destacou o recorde de exportação de produtos como soja, açúcar, milho, carnes, máquinas para mineração e aparelhos elétricos.

Ele ainda mencionou China, Indonésia, México, Vietnã, Argélia, Uruguai e Paraguai como importantes destinos dos produtos brasileiros no ano passado.

O setor econômico com maior crescimento em 2023 foi o agropecuário, que somou US$ 81,48 bilhões nas exportações, uma elevação de 9%. A alta das vendas ao exterior está ligada, entre outros fatores, a safras recordes de milho e de soja —principal produto vendido pelo Brasil.

A indústria extrativa registrou um crescimento de 3,5%, chegando a US$ 78,83 bilhões em exportações. Já a indústria de transformação teve queda de 2,3%, alcançando US$ 177,19 bilhões em 2023.

As vendas para China, Hong Kong e Macau cresceram 16,5% e atingiram US$ 105,75 bilhões no ano passado. As importações recuaram 12,4% e totalizaram US$ 53,92 bilhões. No período de janeiro a dezembro, a balança comercial apresentou superávit de US$ 51,83 bilhões.

As exportações para a Argentina, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, tiveram alta de 8,9% e totalizaram US$ 16,72 bilhões em 2023. A balança comercial para o país vizinho apresentou saldo positivo de US$ 4,72 bilhões no ano.

“Precisamos fortalecer esse comércio regional. É para onde vendemos produtos com maior valor agregado, caminhões, ônibus, autopeças, manufatura”, disse Alckmin.

Para o titular do Mdic, as viagens internacionais feitas pelo presidente Lula a países como Argentina e Uruguai, por exemplo, e a liderança do chefe do Executivo contribuíram para a expansão do comércio exterior brasileiro e para a abertura de novos mercados ao país.

Para 2024, a expectativa da Secex é de leve recuo na balança comercial na comparação com o ano passado, mas de recorde na venda de produtos. O governo prevê superávit de US$ 94,4 bilhões –sendo US$ 348,2 bilhões em exportações e US$ 253,8 bilhões em importações.

O recorde de 2023 tem dois componentes principais, na visão de especialistas consultados pela Folha. Uma forte queda nas importações, causada por um desempenho mais fraco da indústria de transformação, e uma alta nas exportações, com um maior volume vendido ao exterior compensando a queda nos preços de commodities.

“A atividade econômica interna concentrada no agronegócio e com pouca atividade industrial fez com que as importações diminuíssem e o que beneficiou a geração de superávit”, analisou o presidente-executivo da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro.

A pesquisadora associada do FGV/Ibre Lia Valls vai na mesma linha. “No lado da importação, quem pesa é a industria de transformação. Como ela recuou, recuaram também as compras do exterior”, disse.

Nas exportações, prosseguiu Valls, um aumento no volume de vendas mais do que compensou a queda nos preços de commodities observado em 2023. “O que puxou foi o volume, que na agropecuária cresceu 26% e nas extrativas cresceu 18%”, lembrou.

Entre os principais fatores que levaram a esse aumento nas vendas para o exterior estão a seca na Argentina, que é grande produtora de soja, e um aumento nas exportações de minério de ferro para a China no fim de 2023, pontuou.

Com essa dinâmica, “não houve melhora nos termos de troca, estruturalmente não mudou nada”, afirmou. Isso porque a balança brasileira continuou fortemente depende das exportações de commodities para conseguir importar produtos de maior valor agregado.

Para 2024, analisou Augusto de Castro, “[uma projeção de] PIB de 1,5,% é muito pouco para movimentar [a balança comercial]”.

“Não temos condição de afirmar nada mas teoricamente a reforma tributária vai ter alguma influência, mesmo ainda não tendo sido implementadas mas ainda não sabemos que nível”, prosseguiu.

“Para o ano que vem não vai se repetir esse cenário, mas também se espera algo favorável. Temos um modelo que estima para 2024 um superávit de US$ 75 bilhões”, projetou Valls.

“Tem certo consenso de que fator externo não será problema para o lado brasileiro, com saldo comercial um pouco menor do que 2023, mas maior do que 2022”, acrescentou.

COMÉRCIO COM OS EUA

Alckmin também anunciou a revogação de direito antidumping dos Estados Unidos aplicado às importações brasileiras de tubos de aço, o que implicava uma sobretaxa de 103,4% ao produto. A medida estava em vigor desde 1992.

“Dos vários países que estavam nesse direito antidumping, só o Brasil foi retirado. Uma conquista importante que vai expandir mais ainda a exportação siderúrgica e de tubos de aço para os Estados Unidos”, disse o vice-presidente.

As taxas adicionais continuam valendo para outros países como Índia, México, Coreia do Sul e Tailândia, que são concorrentes do Brasil no mercado americano (Folha, 6/1/24)

Economia desacelera em 2024 com menos agro e mais investimentos AGRONEGÓCIO
Reação do governo com gasto maior pode comprometer queda de juro, avaliam economistas.

O ano de 2024 deve ser marcado pela desaceleração da economia brasileira, acompanhada por inflação em queda e juros mais baixos. Esse cenário poderá ser mais ou menos benigno a depender, principalmente, de dois fatores: a continuidade do processo global de desinflação e os rumos da política fiscal no Brasil.

Economistas ouvidos pela Folha avaliam que uma reação do governo federal a um crescimento menor no primeiro semestre por meio do aumento de gastos, ou revisão das regras fiscais, pode atrapalhar o processo de corte de juros promovido pelo Banco Central.

Esse movimento poderia comprometer o desempenho de um PIB (Produto Interno Bruto) que deverá ser mais puxado pelo crédito em 2024, com impacto positivo nos investimentos.

Em 2023, o crescimento foi impulsionado sobretudo pelo aumento da renda das famílias e pelo desempenho da agropecuária, setor que deverá ter contração no próximo ano.

Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter, afirma que 2024 deve começar parecido com o final de 2023, com uma atividade fraca, mas é esperada uma recuperação da atividade ao longo do ano por conta da volta do crédito.

“À medida em que a economia começa a sentir a queda dos juros, podemos ver uma retomada do crédito e do investimento, principalmente a partir do segundo semestre de 2024”, afirma.

Ela projeta uma desaceleração do crescimento de 3% para 1,8% no próximo ano, números acima das projeções do boletim Focus do Banco Central, de 2,92% e 1,51%, respectivamente.

A economista afirma que o consumo das famílias pode melhorar no segundo semestre de 2024, em relação ao que deve ser verificado no mesmo período em 2023. E o investimento, depois de um desempenho negativo neste ano, deve ter alguma recuperação no próximo.

“Você vai ter uma recuperação do investimento no ano que vem, por conta desse aumento do crédito na economia”, afirma Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, que cita a queda dos juros, o programa Desenrola e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) como fatores que vão contribuir para esse resultado.

Para ele, a expectativa é de uma inflação mantendo a tendência de desaceleração no Brasil e um cenário externo mais favorável, com praticamente todos os bancos centrais do mundo reduzindo os juros ao longo do ano que vem, o que permite ao BC brasileiro continuar cortando a taxa básica para até 9% ao ano.

Leal projeta uma desaceleração do PIB de 3% neste ano para 2,1%. “Vamos ter um ano em que, numericamente, o crescimento vai ser menor, mas em termos de estrutura, o desempenho vai ser melhor.”

Para ele, os maiores riscos para o ano que vem são um cenário político mais complicado nos EUA por conta das eleições presidenciais, que traga turbulências para o mercado financeiro, e a questão fiscal no Brasil. Esse último ponto é um risco, que pode ser maior ou menor a depender do cenário externo.

“Se você tiver um problema fiscal no Brasil, com um cenário externo bom, é possível que o pessoal releve. Vai ser ruim para a percepção de longo prazo, mas acaba não entrando no resultado de curto prazo”, afirma o economista.

Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do FGV Ibre, também vê uma recuperação do investimento no próximo ano, mas que pode demorar mais para aparecer do que o governo deseja e levar a uma aceleração dos gastos públicos —e revisão das metas fiscais.

Ela afirma que o Brasil cresceu acima do seu potencial sem gerar inflação nos últimos anos, porque havia alguma gordura para queimar, mas que esse espaço diminuiu, com uma redução da ociosidade na economia e uma inflação que desacelerou menos do que seria necessário.

A economista projeta um crescimento de 2,9% neste ano e de 1,4% em 2024.

“Acho que a gente vai ter ainda muita tensão fiscal. É um ano de eleição municipal. O ministro Fernando Haddad [Fazenda] conseguiu vencer esse ano não mudando a meta do déficit e a meta de inflação. Foram várias vitórias. Mas o cenário de eleição é mais tenso”, afirma.

Rafaela Vitoria, do Banco Inter, também cita o risco de o governo querer estimular mais a economia, principalmente se uma esperada queda do PIB neste ou no próximo trimestre se confirmar.

“Se você quer estimular muito a demanda sem ter um ambiente de investimento mais favorável, você vai gerar inflação na frente. Esse é um grande risco para o ano que vem” (Folha, 21/12/23)

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