A Índia, maior exportadora mundial de açúcar depois do Brasil, registrou embarques recordes de 11 milhões de toneladas na temporada anterior até 30 de setembro de 2022
A Índia não pretende permitir mais exportações de açúcar, disseram autoridades do governo e da indústria nesta quinta-feira, atenuando as especulações de que o maior produtor mundial do adoçante permitiria uma segunda parcela de embarques ao exterior.
A Índia, maior exportadora mundial de açúcar depois do Brasil, registrou embarques recordes de 11 milhões de toneladas na temporada anterior até 30 de setembro de 2022.
O governo permitiu que as usinas de açúcar exportassem apenas 6,1 milhões de toneladas do adoçante na atual temporada, que começou em 1º de outubro de 2022. A inflação dos preços dos alimentos foi elevada no início da temporada, levando a restrições nas exportações.
Mas as autoridades disseram que poderiam avaliar uma segunda parcela das exportações de açúcar depois de ter uma ideia mais clara sobre a produção local.
As usinas já fecharam contratos para exportar cerca de 5,6 milhões de toneladas, e produtores, comerciantes e autoridades do setor esperavam que o governo permitisse uma leva extra de 2 a 4 milhões de toneladas de embarques no exterior.
Mas as expectativas de queda na produção de açúcar diminuíram as perspectivas de qualquer exportação adicional durante a atual temporada 2022-23, disseram autoridades do governo e do setor.
Menores exportações de açúcar da Índia podem elevar preços globais, e permitir que os rivais Brasil e Tailândia aumentem seus embarques.
“A produção de cana-de-açúcar foi muito menor do que no ano passado. A produção não é suficiente para permitir exportações adicionais”, disse um funcionário com conhecimento direto do assunto. Ele não quis ser identificado, pois não está autorizado a falar com a imprensa.
“Não é possível atender à demanda da indústria de 3 a 4 milhões de toneladas. Não podemos permitir nem mesmo exportações adicionais de 1 milhão de toneladas”, disse outro funcionário, que pediu para não ser identificado.
As tradings globais esperavam inicialmente que a Índia permitisse 8 a 9 milhões de toneladas de açúcar no ciclo atual, que termina em 30 de setembro de 2023.
Mas o clima adverso surpreendeu o setor. A produção de açúcar do país foi inicialmente projetada para atingir um recorde de 36,5 milhões de toneladas, muito acima da demanda local de 27,5 milhões de toneladas. Agora, a estimativa de produção caiu para 34,3 milhões de toneladas.
A Reuters foi a primeira a informar em dezembro sobre a provável queda na produção.
Um funcionário do setor disse que havia uma proposta para alocar uma cota adicional de exportação de cerca de 400.000 toneladas para usinas de açúcar que estão produzindo etanol diretamente do caldo de cana.
Mas é improvável que mesmo essa proposta seja aprovada antes do final de fevereiro, já que o governo prefere ver os números reais da produção antes de tomar uma decisão.
“O governo pode não permitir nem mesmo pequenas quantidades se os números da produção continuarem sendo revisados para baixo”, disse o representante da indústria.
A Índia exporta principalmente açúcar para a Indonésia, Bangladesh, Malásia, Sudão, Somália e Emirados Árabes Unidos (Reuters, 19/1/23)