Dutos devem ser concluídos em 2030, com metade dos custos pagos pela União Europeia.
O H2Med, corredor de hidrogênio verde que vai unir a Península Ibérica ao centro do continente europeu, acaba de receber um novo parceiro. Neste domingo (22), em reunião com o presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, anunciou a entrada de seu país no projeto.
Assim, a Alemanha se une a França, Espanha e Portugal na criação da infraestrutura e se compromete a estender o duto até seu território. A meta é, ao lado de outras fontes de energia renováveis, deixar de depender do gás russo. Após o início da Guerra da Ucrânia, o gás se tornou um ativo político e objeto de chantagem velada de Vladimir Putin sobre a União Europeia e os países que formam a Otan.
No entanto, a operacionalização do corredor está estimada apenas para 2030. Embora em caso de emergência também possa transportar gás natural, o novo duto será inteiramente projetado para a transferência de hidrogênio.
O hidrogênio verde (H2V) é derivado da água, num processo de extração que usa energia elétrica para quebrar a molécula e separar o hidrogênio gasoso do oxigênio. Segundo o Ministério para a Transição Ecológica da Espanha, estima-se que, até 2050, 20% de toda a energia na Europa será hidrogênio renovável.
O H2Med terá capacidade para transportar 2 milhões de toneladas anuais de hidrogênio verde entre Barcelona (Espanha) e Marselha (França) e 750 mil toneladas entre Celorico da Beira (Portugal) e Zamora (Espanha). Ainda não há dados a respeito do braço alemão.
A ligação entre Portugal e Espanha está estimada em 350 milhões de euros, enquanto a extensão submarina entre Barcelona, na Espanha, e Marselha, na França, pode chegar a 2,5 bilhões de euros.
Em outubro, Portugal e Espanha chegaram a um acordo com a França para a construção de uma nova ligação entre Barcelona e Marselha (BarMar). Em dezembro, os três governos apresentaram o projeto à UE, que pode bancar cerca de 50% da infraestrutura.
“O corredor verde definitivamente reforça sua dimensão europeia”, escreveu o presidente espanhol, Pedro Sánchez, numa mensagem publicada no Twitter.
Em um comunicado, o governo espanhol notou que “pela primeira vez na história”, a Península Ibérica poderá se tornar “líder do fornecimento de energia para a toda a Europa”.
Segundo a ministra para a Transição Ecológica da Espanha, Teresa Ribera, “uma vez satisfeitas as necessidades industriais da Península, o hidrogênio pode ser exportado para o norte, (…) tornando o eixo da transformação energética mais um pilar da modernização europeia”.
“Este duto que vai ligar Portugal, Espanha, França e também a Alemanha é um bom projeto para o futuro”, disse o premiê alemão a jornalistas após o encontro deste domingo.
“Decidimos alargar o H2Med, que graças a fundos europeus vai unir Portugal, Espanha e França, à Alemanha, que será parceira na infraestrutura deste projeto”, disse, Macron, por sua vez.
Enquanto isso, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, desembarcou neste domingo na Argélia para consolidar um aumento de fornecimento de gás do país do norte de África.
Seu antecessor, Mario Draghi, esteve duas vezes no país africano no ano passado para negociar compra de energia e substituir a Rússia, de quem comprava 40% de seu gás, como principal fornecedor da Itália (Folha de S.Paulo, 24/1/23)