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Açúcar: Análise Conjuntural Agromensal Cepea/Esalq/USP Dezembro/22

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RETROSPECTIVA DE 2022:

Na maior parte da safra 2022/23, os preços do açúcar cristal branco operaram no mercado spot de São Paulo em patamares abaixo dos da temporada anterior, em termos reais, o que parece ser incompatível com o cenário de menor produção. De fato, em 2022/23, a produção de açúcar em São Paulo foi inferior à da temporada passada.

Somente em meados de novembro/22 que as usinas paulistas direcionaram mais cana para a produção do adoçante, de forma que o total chegou a superar o da safra 2021/22. De abril/22 a dezembro/22, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar cristal branco foi de R$ 131,06/saca de 50 kg, queda de 6,7% em relação ao ano anterior (R$ 140,27/saca de 50 kg de abril/21 a dezembro/21) – valores deflacionados pelo IGP-DI base novembro/22.

Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), de abril/22 até primeira quinzena de dezembro/22, a produção total de açúcar no estado de São Paulo somou 22,392 milhões de toneladas, 4,18% a mais que em igual período da temporada 2021/22.

Assim como verificado na safra anterior, a disponibilidade de cristal Icumsa 150 no spot esteve restrita ao longo da temporada 2022/23, com maior volume deste tipo de açúcar novamente comprometido com contratos internos e exportação.

Já para o tipo Icumsa 180, à medida que a moagem evoluiu, houve aumento da oferta no spot, o que, por sua vez, fez com que usinas estivessem mais flexíveis nos preços de venda. Este cenário explica a queda nos valores médios, mesmo com indicações de menor produção obtida.

Outra possibilidade é que o recuo dos preços do cristal desta temporada seja um ajuste frente à forte alta observada na safra passada 2021/22. A participação nas negociações no mercado spot foi mais baixa nesta temporada em relação à passada, mas o consumo manteve-se praticamente estável.

Segundo levantado pelo Cepea, o total de açúcar faturado pelas usinas de São Paulo, incluindo vendas industriais e as de varejo, de abril/22 a novembro/22, subiu 0,11% em relação ao mesmo período de 2021.

Enquanto em praticamente toda a safra passada (2021/22) o mercado

interno sustentou uma vantagem sobre o externo, na atual temporada 2022/23, o recuo dos preços domésticos, aliado ao comportamento do câmbio e à valorização internacional, tornou as exportações mais vantajosas em diversos períodos.

Segundo cálculos do Cepea, o maior valor equivalente das exportações ocorreu na semana de 14 a 18 de novembro, quando chegou a R$ 142,84/sc de 50 kg, enquanto a média do Indicador CEPEA/ESALQ foi de R$ 130,89/sc. Naquele período, o primeiro vencimento da ICE Futures (Bolsa de Nova York) operava na casa dos 20 centavos de dólar por libra-peso e o dólar estava acima de R$ 5.

INTERNACIONAL

Os valores do primeiro vencimento do açúcar demerara negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) estiveram elevados em 2022, entre 17 e 20 centavos de dólar por libra-peso. A sustentação veio, em partes, da projeção de déficit mundial, projetada pela OIA (Organização Mundial de Açúcar) em 1,66 milhão na safra 2021/22, encerrada em setembro/22.

Além disso, o preço do petróleo tipo brent também foi mais alto, atingindo a casa dos US$ 120/barril em meados de maio e junho, o que influenciou a valorização externa do açúcar.

NORDESTE

As negociações de açúcar no mercado spot nordestino estiveram lentas no primeiro semestre de 2022, e os preços apresentaram ligeira oscilação. Em abril, especificamente, a redução na oferta elevou os valores de forma acentuada – naquele mês, algumas usinas com estoques reduzidos estiveram fora do mercado.

A partir de maio, compradores da região passaram a adquirir o açúcar da região Centro-Sul, principalmente de Goiás. Entre junho e julho, já no final de entressafra, eram poucas as usinas que ainda dispunham de açúcar para negociar no mercado spot.

No segundo semestre, apesar de a maioria das usinas nordestinas ter começado a safra 2022/23 em setembro, algumas unidades já haviam iniciado as atividades em agosto, atentas ao baixo volume de açúcar na região. Assim, já no final de setembro, parte das usinas já produzia o tipo cristal.

Com a evolução da safra, o aumento na oferta fez com que os preços caíssem. No entanto, a demanda interna pelo açúcar cristal esteve retraída, levando algumas usinas a priorizar as exportações, o que, por sua vez, limitou a redução nos preços na região.

Dados da NovaBio (Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia) indicam que, até o final de outubro, 24,4 milhões de toneladas de cana-deaçúcar haviam sido processadas nas regiões Norte e Nordeste na safra 2022/23, volume 1,1% acima do ciclo anterior (2021/22). No caso do açúcar, a produção soma 1,08 milhão de toneladas, contra 1,05 milhão de toneladas em igual período da safra 2021/22 (Assessoria de Comunicação, 4/1/23)

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