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Tamanho real da cadeia do agro no PIB é 3 vezes o medido pelo IBGE

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Segundo economista responsável pelo trabalho, não existe divergência entre a análise do banco, que considera a cadeia do setor ‘além do campo’, e a do IBGE: ‘São visões diferentes de um mesmo tema’

O agronegócio tem um impacto ainda maior na economia brasileira do que as estatísticas tradicionais indicam, especialmente quando se consideram as atividades “além da porteira” e os demais elos da cadeia produtiva, abrangendo a geração de riqueza, empregos e o comércio.

A participação do agronegócio na economia brasileira vai além da produção primária no campo. Quando se incluem atividades como o beneficiamento das safras, a fabricação de insumos (como fertilizantes), além do comércio e do transporte, o setor responde por 21% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse valor é mais que o triplo do PIB agro, medido pelas estatísticas oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é de 6%.

O dado consta de estudo inédito dos economistas do departamento econômico do banco Itaú, André Matcin e Pedro Renault. “Quando se fala em agronegócio, a primeira visão que se tem é da produção primária, da ‘porteira para dentro’”, diz Matcin.

A intenção do estudo foi dar exatamente uma visão mais ampla da atividade e a sua relevância. Isto é, desde a cadeia de insumos usados no agronegócio, a produção nas fazendas da agricultura e pecuária, a cadeia de beneficiamento, o comércio dos produtos e o transporte.

Cadeia do agronegócio sustenta o superávit da balança comercial brasileira. Foto Tiago Queiroz – Estadão

Muito se fala do potencial da cadeia ampliada do agronegócio na geração de riqueza, mas, na prática, não havia um número que retratasse o seu real tamanho. O economista observa que vários clientes do banco queriam saber as dimensões do agronegócio nesse conceito ampliado.

Como o estudo foi feito

Para chegar à fatia do agronegócio no PIB no conceito de cadeia ampliada, os economistas usaram dados da Tabela de Usos e Recursos (TRU) do IBGE, cuja última divulgação foi em 2021. Essa tabela permite olhar detalhadamente toda a cadeia de consumo do agronegócio além do campo.

“Não existe divergência entre a análise do IBGE e a nossa análise, que busca uma visão integrada da cadeia”, frisa Matcin. Ele ressalta que são visões diferentes de um mesmo tema.

O economista observa que o IBGE calcula o valor adicionado da geração direta de riqueza dividida entre agropecuária, indústria e serviços, pelo lado da oferta. Ocorre, no entanto, que há parte da produção ligada à categoria da indústria que tem relação com o agronegócio. Foram exatamente esses dados que o estudo procurou capturar.

Emprego e balança comercial

Outro ponto destacado pelo trabalho foi a geração direta de emprego pelo agronegócio. No conceito ampliado, o agronegócio responde por 17% da população ocupada, sendo que 7,9% da mão de obra está alocada na produção primária, 1,7% no beneficiamento e 7,4% no comércio e no transporte.

Chegou-se a conclusão de que o setor emprega diretamente um pouco mais de 17 milhões de trabalhadores, com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de domicílios (PNAD) do IBGE, cruzados com as informações da TRU.

Em relação às contas externas, não é de hoje que o agronegócio sustenta o saldo da balança comercial brasileira. O estudo aponta que o agronegócio respondeu por cerca de 31% da corrente de comércio brasileira em 2024.

Sob a ótica do saldo comercial, em 2024, o agronegócio foi superavitário em US$ 109 bilhões, enquanto a balança comercial do País como um todo teve um resultado positivo de cerca de US$ 75 bilhões. “O agronegócio é motor na geração de superávits nos últimos anos”, afirma o economista.

Ele rebate a crítica de que o setor não geraria tanta riqueza nas exportações comparado a outros segmentos, ressaltando que o beneficiamento dos itens agropecuários responde por uma parcela expressiva, superior ao valor da produção primária, do que é exportado.

Quanto à tendência, Matcin diz que o agro vai continuar sendo protagonista do crescimento da economia brasileira nos próximos anos, e isso deve ocorrer neste ano. As estimativas do departamento de agricultura dos Estados Unidos (USDA) e órgãos do governo brasileiro indicam uma safra bastante forte. “Isso vai trazer um benefício importante para economia em 2025”, prevê (Estadão, 19/2/24)

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