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São Martinho investirá menos na próxima safra

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Após um ciclo de investimentos expressivos nas últimas quatro safras na área industrial, em melhorias e no fortalecimento de seus canaviais, a São Martinho vai colocar o pé no freio. Com os juros em alta e sem uma perspectiva clara de quando o aperto monetário vai acabar, a companhia está mais

“Pior do que a perspectiva de alta [dos juros] é ter uma grande incerteza no que fundamenta essa perspectiva. Uma coisa é ter uma visão futura de curva descendente porque os fundamentos são favoráveis. Outra coisa são os fundamentos continuarem negativos. Aí é muito difícil, porque não se vê perspectiva de melhora”, disse Fabio Venturelli, CEO da São Martinho, ao Valor.

A alta dos juros já afetou o resultado contábil do terceiro trimestre na safra atual (2024/25). O lucro líquido caiu 25%, para R$ 157,9 milhões. Apenas a marcação a mercado do swap da dívida teve impacto de R$ 200 milhões. Já o resultado operacional seguiu firme, com alta de 11% no lucro caixa, para R$ 186,4 milhões, e receita líquida 14,6% maior, em R$ 1,8 bilhão.

Nos últimos anos, a São Martinho saiu de um patamar de despesas de capital (capex) de R$ 1,5 bilhão em 2020/21 para níveis entre R$ 2,4 bilhões e R$ 2,5 bilhões da temporada 2021/22 em diante. Nesta safra, o capex deve ser recorde, de R$ 2,8 bilhões.

Desde abril de 2024, a companhia vem concluindo grandes investimentos, como na planta de biometano na Usina Santa Cruz, no aumento da capacidade de cristalização de açúcar, além de prever gastar R$ 80 milhões em tratos culturais para recuperar lavouras atingidas por incêndios em agosto.

Para a próxima safra, a companhia trabalha atualmente com uma perspectiva apenas de capex recorrente — basicamente para a renovação dos canaviais —, que hoje está em torno de R$ 2 bilhões, segundo Felipe Vicchiato, diretor financeiro e de relações com investidores da São Martinho.

Um projeto na berlinda é a duplicação da planta de etanol de milho na Usina Boa Vista. Desde o início do projeto da unidade atual, com capacidade de processar 500 mil toneladas de milho ao ano, a São Martinho tinha planos de fazer uma duplicação no futuro. Agora, com a incerteza sobre os juros, a empresa refaz as contas.

“O projeto de engenharia está na prancheta. Mas de setembro para cá, a taxa de juros subiu muito, o que faz com que o projeto precise ter um retorno maior”, afirmou Vicchiato. “Não significa que não vamos fazer, mas a barra ficou mais alta”, ponderou.

Não apenas os projetos de expansão industrial entram nessa lógica. “O que tiver de melhoria operacional vai ter que trazer um retorno dentro das condições de mercado que estamos enfrentando hoje”, ressaltou Venturelli.

No lado comercial, a companhia busca mapear os sinais de oferta global de açúcar, em meio à fraqueza da produção na Índia. “O mundo está em uma situação que não tem açúcar em lugar nenhum. Todo mundo conta com o Brasil produzindo mais [em 2025/26]”.

Na visão dos executivos, por mais que haja mais capacidade de cristalização de açúcar no Brasil, ainda não se sabe o impacto real dos incêndios nos canaviais (Globo Rural, 10/2/25)

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