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Tereos elevará “mix” de açúcar a 70%, e vê moagem estável em 2024/25

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Cana-de-açúcar que sobrou da temporada passada poderá compensar a menor produtividade agrícola na safra atual.

Grupo francês está entre players mais pessimistas em relação à produtividade média da cana no Centro-Sul do Brasil.

A Tereos, segunda produtora global de açúcar, projeta aumentar a produção da commodity no Brasil na nova safra 2024/25, com impulso de investimentos que propiciarão avanço do “mix” para 70% da cana total processada para a fabricação do adoçante, disse o diretor-presidente do grupo no país, Pierre Santoul.

Isso deve significar um aumento de três pontos percentuais em relação ao total registrado no ciclo passado, à medida que o açúcar segue mais rentável que o etanol. O “mix” açucareiro da Tereos está cerca 20 pontos percentuais acima da média do centro-sul, mantendo uma tradição da empresa francesa de focar mais no adoçante.

A produção de açúcar na unidade brasileira, que responde por cerca de 30% do lucro da companhia que tem grande parte das operações na Europa, deverá crescer para cerca de 2 milhões de toneladas, ante 1,9 milhão de toneladas na temporada anterior, afirmou Santoul, em entrevista à Reuters.

O executivo destacou também que, com a alta no “mix”, a produção de açúcar da Tereos crescerá apesar de uma moagem de cana da companhia no Brasil projetada para ficar estável em 24/25 em relação ao recorde de 21,1 milhões de toneladas visto no ciclo anterior.

Essa sustentação da moagem é projetada mesmo diante de uma quebra de safra de cerca de 10% esperada para o Centro-Sul como um todo, devido a chuvas deficitárias desde dezembro.

Segundo ele, a Tereos dispõe de cana bisada que sobrou da temporada passada, que poderá compensar a menor produtividade agrícola projetada para 2024/25, garantindo que a moagem não caia. Ele não comentou sobre índice de quebra nos canaviais da companhia.

“Estamos prevendo uma safra igual, estável, essencialmente porque temos cana bisada, não conseguimos moer toda a nossa cana, então temos um colchão, somos capazes de absorver uma queda de produtividade sem impacto para a nossa moagem”, disse Santoul, lembrando que a companhia é tradicionalmente aquela que obtém o maior volume colhido por hectare entre as maiores do setor no país.

Santoul disse que a Tereos está entre aqueles “players” que estão mais “pessimistas” para a produtividade média da cana do centro-sul, lembrando que as estimativas para a próxima safra da principal região do maior produtor e exportador de açúcar variam de uma moagem de 580 milhões a 620 milhões de toneladas, ante recorde 660 milhões no ciclo que está se encerrando ao final de março.

“A Tereos está olhando para uma previsão um pouco abaixo de 600 milhões de toneladas”, afirmou ele.

Segundo ele, a safra menor esperada para o centro-sul do Brasil deve trazer uma sustentação aos preços do açúcar no mundo, “sem dúvida”, algo que beneficia os negócios globais da empresa, que produz açúcar a partir de beterraba na Europa.

“A cada mês estamos revisando as perspectivas, com certeza isso ajuda na sustentação dos preços atuais e pode ter um impacto altista sobre os preços quando a safra brasileira se iniciar e tivermos mais visibilidade do estado do canavial.”

O presidente da operação brasileira avalia que o mercado do açúcar bruto tem espaço para subir a até 24 ou 25 centavos de dólar por libra-peso, “se a nossa visão da safra negativa para o Brasil se confirmar”. Nesta segunda-feira, o mercado estava próximo de 23 centavos.

Diante de preços do açúcar historicamente elevados nos últimos tempos, a Tereos investiu cerca de 15 milhões de dólares na ampliação de fábricas no Brasil visando o aumento do “mix”, o que lhe garante a consolidação do posto de segunda maior produtora do adoçante no Brasil, embora tenha moagem abaixo de alguns dos grandes grupos.

Ele lembrou que é economicamente muito mais vantajoso produzir açúcar, afirmando que quando se vende etanol no mercado interno o preço é equivalente a 15 centavos de dólar por libra-peso para o açúcar.

Corte de emissões

Santoul disse que daqui a alguns meses a Tereos vai confirmar o seu compromisso global de reduzir em 50% as emissões de CO2 dos escopos 1 e 2 até 2032 (base 2022), para chegar níveis “net zero” em 2050, assim como firmará meta de reduzir em 36% os gases do escopo 3 no mesmo período.

Essas reduções de emissões estão em linha com os compromissos SBTi (Science Based Targets) assumidos pela empresa, o mais rígido padrão de sustentabilidade internacional.

“A Tereos será o único grupo do setor no Brasil a ter compromissos SBTi…”, afirmou ele, lembrando que a empresa está “ciente das barreiras que estão sendo construídas no mundo agrícola”, o que requer a adoção dos padrões mais altos de sustentabilidade (Reuters, 26/2/24)

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