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La Niña pode começar no 2º semestre de 2024, prevê órgão dos EUA

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Fenômeno climático tende a aumentar chuvas no Norte e Nordeste; no Sul, deve trazer mais seca.

O padrão climático La Niña pode surgir no segundo semestre de 2024, logo depois da transição do El Niño para um período breve de condições consideradas neutras, em meados deste ano. A previsão foi feita por órgão de meteorologia do governo dos EUA nesta quinta-feira (8).

O fenômeno La Niña é caracterizado por temperaturas excepcionalmente frias no oceano Pacífico equatorial e está associado a enchentes e secas, dependendo da região.

“Embora as previsões feitas durante a primavera [no hemisfério norte] tendam a ser menos confiáveis, há uma tendência histórica de o La Niña suceder fortes eventos do El Niño”, disse o CPC (Centro de Previsão Climática) do Serviço Meteorológico Nacional.

O La Niña tipicamente causa mais chuva na Austrália, no Sudeste Asiático e na Índia e tempo seco nas regiões produtoras de grãos e oleaginosas nas Américas.

No Brasil, o La Niña tende a causar aumento no volume de chuvas nas regiões Norte e Nordeste. Já no Sul, a tendência é de mais seca e calor, enquanto, no Centro-Oeste e no Sudeste, os impactos oscilam.

O atual padrão climático El Niño, que causou clima quente e seco na Ásia e chuvas mais intensas do que o normal em partes das Américas, provavelmente dará lugar a condições neutras do que os cientistas chamam de El Niño Oscilação Sul [ou ENSO, na sigla em inglês]. Isso deve ocorrer de abril a junho de 2024, disse o CPC.

As condições neutras de ENSO referem-se aos períodos em que nem El Niño nem La Niña estão presentes, muitas vezes coincidindo com a transição entre os dois padrões climáticos.

“O La Niña provavelmente afetará a produção de trigo e milho nos EUA, e de soja e milho na América Latina, incluindo o Brasil”, disse Sabrin Chowdhury, chefe de commodities da consultoria BMI.

O El Niño trouxe chuvas para o Rio Grande do Sul e a Argentina, favorecendo as safras de soja e milho. Já o último La Niña resultou em quebra de colheita para as lavouras gaúchas e no país vizinho.

Recentemente, a Índia, o maior fornecedor mundial de arroz, restringiu as exportações do produto básico após uma monção fraca, enquanto a produção de trigo no segundo maior exportador, a Austrália, foi atingida. As plantações de óleo de palma e de arroz no Sudeste Asiático receberam menos chuvas do que o normal.

“O desenvolvimento do La Niña é benéfico para as monções indianas. Normalmente, as monções proporcionam chuvas abundantes durante os anos do La Niña”, disse o Departamento Meteorológico da Índia.

As monções de junho a setembro, que são vitais para a economia de US$ 3 bilhões da Índia, trazem quase 70% da chuva de que o país necessita para irrigar as culturas e reabastecer reservatórios e aquíferos (Folha, 10/2/24)

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