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Governo trabalha em diagnóstico da crise do agro antes de definir medidas

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c diz que setor é monitorado com atenção pela Fazenda, devido à importância para o PIB, mesmo que já esteja contratado um desempenho para 2024 inferior ao do ano passado.

A equipe do Ministério da Fazenda está traçando um diagnóstico sobre a crise do agronegócio, motivada sobretudo pela questão climática. Apesar dos pleitos do setor, como crédito e renegociação de dívidas, ainda não há nenhuma definição de ação a ser tomada, disse ao Estadão/Broadcast o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello.

“O ministro (da Agricultura, Carlos) Fávaro esteve aqui conosco e estamos fazendo um balanço da situação, entendendo onde estão e quais são os problemas. Estamos nesse momento de montar o diagnóstico, de fazer uma avaliação. Isso, obviamente, é algo que a gente tem de fazer de maneira recorrente, porque cada setor tem a sua particularidade, e o agro, em especial, sofre mais esses impactos da mudança climática. Então, é importante a gente fazer essa avaliação de maneira recorrente”, explicou.

O setor produtivo pede a prorrogação dos financiamentos para investimento com vencimento neste ano para o último ano do contrato, com manutenção das taxas de juros, renegociação dos financiamentos de custeio, antecipação das operações de pré-custeio e liberação de recursos adicionais para capital de giro.

Questionado sobre a definição de alguma medida, Mello disse não haver nada para ser anunciado por ora. O secretário ressaltou que o desempenho do setor é monitorado com atenção pela Fazenda, pela importância que tem para o PIB, mesmo que já esteja contratado um desempenho para 2024 inferior ao do ano passado. A projeção da pasta é de avanço de 2,2% no PIB neste ano.

Sensibilidade com setor

A intensificação do diálogo entre os ministérios da Fazenda e Agricultura está sendo profícua. Nos bastidores, do lado da Agricultura, a leitura é a de que há sensibilidade da Fazenda em relação ao momento do setor, sobretudo à crise financeira. Além da quebra de safra, que afeta diretamente o PIB do agro, a situação financeira dos produtores rurais causa preocupação entre as pastas.

“Os preços dos grãos caíram mais de 30%, enquanto o custo de produção não acompanhou. Já está no radar do (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad a menor contribuição agro para o PIB, a injeção de uma menor receita agropecuária na economia e um iminente problema de endividamento com produtores não conseguindo cumprir os financiamentos contratados”, relatou uma pessoa que acompanha as tratativas.

Segundo os interlocutores, o receio é com o crescimento da inadimplência e das recuperações judiciais do setor produtivo, o que poderia levar à necessidade de uma repactuação expressiva de dívidas com recursos do Tesouro. “A necessidade da prorrogação das dívidas se impõe para evitarmos um Desenrola”, afirmou outra pessoa com conhecimento das discussões.

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Um dos interlocutores lembra que a crise mais recente do setor, em 2008, decorreu em uma reestruturação de R$ 75 bilhões, de um passivo de R$ 87 bilhões de operações de crédito rural. “Neste ano, o passivo não é dessa ordem, mas não pode ser desconsiderado”, observou.

Em entrevista recente ao Estadão/Broadcast, o ministro Carlos Fávaro afirmou que o agronegócio está na iminência de uma crise, mas ponderou que o governo tomará medidas estruturantes no sentido de manter a adimplência e apoiar o setor. “O presidente Lula está sensível para trabalharmos a antecipação das medidas antes que a crise se instale, dentro das possibilidades orçamentárias do governo”, assegurou. Essas medidas emergenciais passam por crédito, renegociação das dívidas e apoio à comercialização e serão voltadas às regiões mais afetadas pelas perdas na safra, adiantou (Estadão, 3/2/24)

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